Brasil

Paciente de SP testa positivo para coronavírus e aguarda novo exame

Ao retornar de viagem à Itália, o paciente teve sintomas como febre, tosse seca, dor de garganta e coriza

Correio Braziliense
postado em 25/02/2020 20:14

Pessoas usando máscaraUm homem de 61 anos testou positivo para coronavírus, em São Paulo, de acordo com informações divulgadas pelo Ministério da Saúde na noite desta terça-feira (25/2). Agora, ele vai passar por um segundo exame para confirmar o diagnóstico. O paciente esteve na Itália e chegou ao Brasil na sexta-feira (21/2). A Anvisa anunciou que procura a lista de pessoas que estavam no mesmo voo para efetuar os procedimentos de quarentena.

 

O paciente está sendo tratado no Hospital Israelita Albert Einstein, que notificou o Ministério da Saúde na tarde de terça. O hospital enviou a amostra do exame para o laboratório de referência nacional, Instituto Adolfo Lutz, para contraprova e confirmação do diagnóstico. O resultado será divulgado na manhã de quarta-feira (26/2)

 

O homem viajou sozinho para a Itália no período de 9 a 21 de fevereiro. Ele ficou na região de Lombardia (norte do país), considerado foco do surto de COVID-19. Ao retornar, o paciente teve sintomas como febre, tosse seca, dor de garganta e coriza.  

 

Outros três casos suspeitos de coronavírus são investigados em São Paulo. São todos adultos: no total, três da capital (incluindo o paciente provavelmente infectado) e um de Bauru. Além disso, todos os pacientes são viajantes que vieram de algum dos países que entraram na lista de vigilância do Ministério da Saúde.

 

As autoridades investigam um possível caso suspeito do COVID-19, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE). Uma mulher, de aproximadamente 50 anos, foi examinada no Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes por equipes da Anvisa, após voltar também da Itália (com conexão em São Paulo).

 

Seguindo o protocolo, ela foi levada de ambulância do Samu para o Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), uma das referências estaduais para atendimento de casos suspeitos do coronavírus. A mulher foi internada em isolamento, com sintomas leves, enquanto a equipe médica realiza os exames que confirmem ou neguem a infecção. 

 

Próximos passos 

 

Apesar de o teste do paciente para o novo coronavírus do Hospital Albert Einstein ter dado positivo, o médico José David Urbaez, diretor científico da Sociedade de Infectologia de Brasília e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, orientou para que as pessoas não entrem em pânico por conta das novas notícias sobre a confirmação da doença no país. 

 

“Oficialmente, o teste ainda não foi validado. Existe um ritual de validação e ele precisa ser respeitado. Acredito que seja positivo, porque o hospital preza pelo nome, tem um laboratório de boa qualidade. Mas, oficialmente, é preciso termos a positividade dentro da rede do Ministério da Saúde, que é o Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, para que o protocolo seja seguido”, explicou.

 

Urbaez lembrou que a intensidade da transmissão da doença pelo novo coronavírus, a COVID-19 (nome científico da doença), ocorre quando o paciente apresenta sintomas. Logo, é possível que os demais passageiros do voo em que o paciente desembarcou da Itália não tenham sido contaminados pelo vírus, porque ele ainda não havia se manifestado. “Tudo está sendo estudado e descoberto, ainda temos apenas dois meses desde o primeiro caso da doença e há muita informação truncada”, destacou.

 

Contudo, ele elogiou que o processo de divulgação sobre os dados dessa doença no meio científico está mais acelerado do que anteriormente. 

 

De acordo com o infectologista, o índice de letalidade do novo coronavírus, ou Sars 2, ainda é baixo: 2% dos casos confirmados. “O momento agora não é de alarmismo. Ainda não sabemos como ela vai se expandir no Brasil, em caso positivo. Mas será preciso que o paciente seja monitorado minuto a minuto”, explicou.

 

Urbaez lembrou que cabe à vigilância epidemiológica localizar os demais passageiros do voo e não a Anvisa, que cuida do controle dos aeroporto. 

 

No caso de uma vacina, Urbaez reconheceu que não adianta apressar, porque o processo é lento, apesar de haver especulações sobre testes. Existem procedimentos que precisam ser feitos para que o efetividade seja comprovada e o soro de um paciente contaminado que se curou seja utilizado para evitar efeitos colaterais. No caso do ebola, por exemplo, foram dois anos para que a vacina ficasse pronta. 

Com isso, resta tomar os cuidados contra uma gripe normal, como usar álcool o tempo inteiro para higienizar a mão. A famosa  “etiqueta respiratória” é de bom tom: quando tossir ou espirrar, não colocar a mão no rosto e sim a prega do cotovelo. Assim, a secreção prega e bloqueia intensamente qualquer transmissão por via respiratória, de acordo com o médico. "Se perceber algum dos sintomas, fique em casa e evite o pronto-socorro. Apenas vá se tiver falta de ar", orientou. 

 

Epidemia 

 

A Itália já tem 322 casos confirmados de infecção e agora figura no rol de países que demandam atenção, assim como Austrália, China, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Camboja, Filipinas, Japão, Malásia, Vietnã, Cingapura, Tailândia, Alemanha, França, Irã e Emirados Árabes.

 

O Brasil recebeu ao menos 5,3 mil voos, em 2019, desses países. O número de passageiros que vieram da Itália, França, Alemanha e Emirados Árabes soma 1,3 milhão de pessoas, segundo informações da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). 

 

O ministério da Saúde lembra que pessoas que apresentarem sintomas como febre, dificuldade para respirar, tosse ou coriza e que tenham histórico de viagem em área com circulação do vírus ou contato próximo com algum caso suspeito ou confirmado par ao vírus devem procurar o serviço de saúde. A prevenção pode ser feita com uso de máscaras, higienização das mãos e não compartilhamento de objetos de uso pessoal. 

 

Em todo o Brasil, já foram descartados 54 casos suspeitos.

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