Brasil

''Que a vida prevaleça sobre o medo'': brasileiros ao deixar quarentena

Em vídeo, os 34 brasileiros agradeceram ao governo brasileiro e desejaram força aos chineses

"Que a vida prevaleça sobre o medo". Foi com essa mensagem de força e solidariedade que os 34 brasileiros que foram repatriados da China para escapar do surto do coronavírus deixaram hoje a quarentena, na Base Aérea de Anápolis, em direção às casas deles no Brasil. 

Eles foram liberados após 14 dias de confinamento e após passar por três baterias de exames, que confirmaram que eles não foram contaminados pelo coronavírus e podiam voltar pra casa sem oferecer risco de saúde a ninguém. Os 34 brasileiros saíram da quarentena junto com os 24 profissionais (militares, médicos e profissionais de comunicação) que os acompanharam nesse período neste domingo (23/2). 

Pela fisionomia, era possível perceber que todos estavam bastante emocionados, aliviados e gratos. Mas também ansiosos por chegar em casa e reencontrar suas famílias. Tão ansiosos que, após a cerimônia de encerramento da quarentena, que foi conduzida pelo ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, eles logo embarcaram nos aviões da Força Aérea Brasileira que estão levando-os para os seus estados de origem. 
 
Dois voos partiram por volta do meio-dia da Base Aérea de Anápolis. Um foi para Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Florianópolis. Já o outro foi para Brasília e depois para o Pará. Nesse voo, também embarcaram dois repatriados que pegariam, no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, aviões comerciais com destino a São Luís e Natal.

Na Base Aérea de Brasília, a dona de casa Adriele da Nóbrega aguardou com as duas filhas a chegada do marido, o militar Carlos Henrique Pereira Rosa. Ele foi um dos comissários de bordo da operação. "O bom filho não foge à luta. Sinto muito orgulho e dou o maior apoio. Agora é matar a saudade do pai", comemorou. Além de Carlos, pousaram no Distrito Federal outros 19 passageiros, sendo onze pertencentes à equipe da operação. 

Diretor substituto do Departamento das Emergências em Saúde Pública do Ministério da Saúde, Marcus Quito, foi outro profissional a pousar na capital. Ele esteve em Wuhan, província chinesa e epicentro da doença, para acolher os repatriados e participou de todo o processo em Anápolis. "A condução foi um momento bastante tenso, com paradas demoradas por ser algo novo. Chegado em Anápolis, tudo ficou tranquilo". Ele avaliou o processo de forma positiva. "Nós enquanto Brasil aprendemos bastante inclusive para enfrentar uma condição de eventual quarentena no futuro", opinou. 

Quem também acompanhou a liberação dos repatriados foi o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira. "Fizemos um esforço tremendo para garantir que as pessoas pudessem passar o Carnaval junto às famílias. Agora eles estão completamente liberados para voltar às atividades normalmente". O alerta à Saúde com acompanhamento da situação mundial continua mesmo sem nenhuma confirmação da presença do Covid-19 no Brasil. "Todos os dias há novidade. A tendência é aumentar porque há um número maior de países com a manifestação do vírus", completou.  
 

Vídeo 


Os repatriados deixaram um vídeo de agradecimento ao governo e ao povo brasileiro. O vídeo tem o mesmo formato da gravação que publicaram na internet quando ainda estavam na China, pedindo ajuda do presidente Jair Bolsonaro para voltar para casa. Cada repatriado passa um trecho da mensagem elaborada pelo grupo. 

"Queridos brasileiros, hoje concluímos nossa quarentena. De acordo com os três exames realizados pela Secretaria Estadual de Saúde do estado de Goiás, estamos todos saudáveis e não apresentamos ameaça alguma de contaminação à nação brasileira", começam os repatriados, para tranquilizar aqueles que ainda tinham medo de alguma possível contaminação. O risco, por sinal, também foi afastado pelo ministro da Defesa e pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado, neste domingo. 

Os repatriados disseram ter sido muito bem recebidos e tratados na Base Aérea de Anápolis e agradeceram ao povo brasileiro que incentivou o governo a fazer sua repatriação; aos órgãos do governo que tornaram essa operação possível; aos profissionais que os acompanharam nesse período; e aos familiares, que os mantiveram motivados em meio a toda essa crise.

"Estamos muito felizes e fortalecidos como grupo e como indivíduos pelo processo que nos levou a este dia. Mas especialmente agradecidos. Somos gratos ao Brasil por ser nosso lar. [...] Além de agradecer às instituições, temos uma gratidão enorme ao povo brasileiro, pela empatia e solidariedade que nos permitiram encarar essa crise e sentir parte de um todo, apesar do isolamento que vivemos nos últimos dias", dizem os repatriados no vídeo. 

Eles ainda agradeceram a China por tê-los recebido e por ter ajudado no processo de isolamento do coronavírus e posterior repatriação. "A Wuhan, desejamos força", disseram, tanto em português quanto em chinês, os brasileiros, que viviam no entro da atual epidemia de coronavírus. "Por fim, com esse espírito de solidariedade, desejamos que a vida prevaleça sobre o medo", encerraram.