Aprimorar a alfabetização no Brasil é foco do novo programa do Ministério da Educação (MEC), lançado ontem. Chamado Tempo de Aprender, contará com investimento inicial de R$ 220 milhões e será voltado para atendimento a alunos da pré-escola e de 1º e 2º ano do ensino fundamental. Para justificar a necessidade da priorização, o secretário de Alfabetização do MEC, Carlos Nadalim, trouxe dados da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA).
“A disposição atual não é nada boa no âmbito da alfabetização. De acordo com os dados, 55% dos alunos brasileiros do 3º ano do ensino fundamental têm insuficiência de leitura. Precisamos inverter esse quadro que acaba afetando toda a trajetória escolar”, disse.
Durante a cerimônia de apresentação, o ministro Abraham Weintraub teceu elogios ao secretário, levantando um viés ideológico. “O que eu peço é um gesto de boa vontade de estarem abertos a escutar técnicas novas. Se acham que estou sendo duro com as palavras, ao chamar o outro lado de preconceituoso, não acreditem em mim. Acreditem no governo passado, da esquerda, que deu, à época, um prêmio de esquerda, o prêmio Darcy Ribeiro, ao melhor educador, Nadalim”, provocou.
O Tempo de Aprender tem base na Política Nacional de Alfabetização — firmada por meio de decreto presidencial em abril de 2019 — e é dividido em quatro eixos: formação continuada de professores e gestores; apoio pedagógico; aprimoramento das avaliações; e valorização dos profissionais.
A maior parte do recurso, R$ 183 milhões, é destinada às instituições de ensino por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). Outros R$ 20 milhões irão para a implementação do Estudo Nacional de Fluência, voltado a fornecer ferramentas de diagnóstico para leitura oral voltada aos alunos do 2º ano do ensino fundamental — faixa etária mais velha dentro do público-alvo do Tempo para Aprender, que também é voltado para os estudantes da pré-escola e do 1º ano do fundamental. A formação prática de gestores e professores terá aporte de R$ 4,5 milhões, além de outros R$ 6 milhões para promover intercâmbios entre docentes e gestores.
Críticas
O ex-senador Cristovam Buarque usou as redes sociais para criticar postura de Weintraub, que fez uma postagem com erros deliberados de português depois de ser corrigido por internautas numa publicação anterior. “Mostra falta de patriotismo e desprezo ao povo que paga seu salário”, criticou. O debate começou com um tuíte postado pelo ministro, publicado segunda-feira, com erros gramaticais. Após ser corrigido publicamente, decidiu fazer novo post, escrevendo intencionalmente errado. “Oje intregamos 120 ônibus iscolares a municípios de São Paulo. No ano paçado, mais de 1.300 foram entregues em todo o Brasil”. O objetivo, segundo ele, era chamar atenção para a benfeitoria.