Brasil

Jovem registra assédio de motorista de aplicativo no Rio Grande do Sul

Mesmo contestando investidas, o motorista insistiu: ''Não sou teu pai. Eu faria coisas que o teu pai não faria''

No último domingo (16/2), durante uma viagem em carro chamado por aplicativo, na região metropolitana de Porto Alegre, uma adolescente de 17 anos gravou um assédio do motorista. No vídeo o motorista comenta que, se a jovem não tivesse namorado, ele namoraria ela. Ele também acrescentou que a diferença de idade entre eles não é um problema. 

No trajeto para a casa da amiga, a adolescente registrou os comentários incisivos do motorista, mesmo sabendo da idade dela. “Seria um problema se tu tivesse 13 anos. Eu acho que tu não tem 13 anos. Aí seria uma menor incapaz. De 14 anos pra cima tu já é responsável".
 
No final do vídeo, a garota diz que o motorista teria idade para ser pai dela, e em resposta mais grosseira, o motorista fala: "Não sou teu pai. Eu faria coisas que o teu pai não faria". Em seguida, ele diz que estava "brincando".
 
Após o ocorrido, a adolescente denunciou o perfil do motorista no aplicativo e registrou ocorrência na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher de Viamão, região metropolitana de Porto Alegre. O motorista depôs na tarde desta terça-feira (18/2).
 
Em entrevista a RBS TV, o motorista de aplitativo André Lopes Machado justificou a atitude dizendo que a vestimenta da adolescente chamava atenção: “Se você ver o vídeo, ela está sorrindo bem espalhada no banco, em situações que eu nem gostaria de citar aqui. Mas ela estava com um short do tipo Anitta, uma mini blusa, com as pernas abertas no banco, me chamando atenção”.
 
André ainda acrescentou que não viu cunho sexual: “Eu não vejo cunho sexual nenhum no que eu disse. Ela, em momento algum, se mostrou irritada, desesperada. Pediu pra descer, não. O tempo todo rindo, brincando, conversa chegando". 
 
A polícia também entrará em contato com a Uber para verificar se existem outros relatos de assédio contra o suspeito. Em nota divulgada à imprensa, a Uber afirmou que o motorista investigado não está mais ativo na plataforma.
 
 

 
Resposta da Uber
  
A Uber considera inaceitável e repudia qualquer ato de violência contra mulheres. A empresa acredita na importância de combater, coibir e denunciar casos dessa natureza às autoridades competentes. A conta do motorista parceiro foi banida assim que a denúncia foi feita.
 
A empresa defende que as mulheres têm o direito de ir e vir da maneira que quiserem e têm o direito de fazer isso em um ambiente seguro. Todas as viagens com a plataforma são registradas por GPS. Isso permite que em caso de incidentes nossa equipe especializada possa dar o suporte necessário, sabendo quem foi o motorista parceiro e o usuário, seus históricos e qual o trajeto realizado.
 
Como parte do processo de cadastramento para utilizar o aplicativo da Uber, todos os motoristas passam por uma checagem de antecedentes criminais realizada por empresa especializada que, a partir dos documentos fornecidos pelo próprio motorista e com consentimento deste, consulta informações de diversos bancos de dados oficiais e públicos de todo o País em busca de apontamentos criminais, na forma da lei.  A Uber também realiza rechecagens periódicas dos motoristas já aprovados pelo menos uma vez a cada 12 meses.
 
Desde 2018 a Uber tem um compromisso público para enfrentamento à violência contra a mulher no Brasil, materializado no investimento em projetos elaborados em parceria com entidades que são referência no assunto, que inclui campanhas contra o assédio e podcast para motoristas parceiros sobre violência contra a mulher, entre outras ações. Em novembro, a Uber anunciou um investimento de R$ 5 milhões para continuidade desse compromisso ao longo dos próximos anos.

*Estagiário sob a supervisão de Vinicius Nader