A diferença entre os dois países é a justificativa da pasta para manter o modelo de diagnóstico atual. Enquanto o Brasil não tem nenhum caso confirmado, a China já registra 1.367 mortes pela doença, sendo necessário, segundo o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Kleber, concentrar os esforços nos tratamentos.
“Eles (chineses) estão usando os critérios clínicos radiológicos e epidemiológicos para considerar os casos como possíveis positivos para o coronavírus. Isso tem um fundamento prático: acelerar o tratamento, diminuir os casos graves e reduzir a taxa de mortalidade”, explicou Kleber.
Caso a mudança de metodologia precise ser implementada no Sistema Único de Saúde (SUS), a ideia é fazer de forma regional, priorizando tratamento nos locais de maior incidência e mantendo a atenção aos diagnósticos onde o vírus pouco se manifestar.
Kleber adianta que, com as eventuais reformulações, os números tendem a disparar, assim como ocorreu no último boletim da província de Hubei, epicentro da doença. “Se observa naturalmente um aumento expressivo nas curvas epidemiológicas, o que não significa uma expansão do coronavírus, já que, posteriormente, podem revelar outras doenças de síndrome respiratória”.
Relatório
O número de casos suspeitos no Brasil caiu de 11 para seis, de acordo com o último balanço diário do Ministério da Saúde. Foram descartados três indícios em São Paulo, dois no Rio de Janeiro e um em Minas Gerais.Em contrapartida, dois registros entraram no relatório. Um é proveniente do Distrito Federal, mas a suspeita foi excluída horas depois. O outro é do Rio Grande do Sul, que, com a atualização, soma três pacientes ainda sob investigação. Com isso, o estado se igualou a São Paulo no total de suspeitos.
Por enquanto, o governo avalia a situação brasileira como confortável, mas prevê a manifestação da doença. “Quando chegar o inverno, há uma tendência de ficarmos em locais mais fechados, o que facilita a transmissão do vírus, e isso é preocupante. Então, não vamos baixar a guarda nesse momento”, ponderou o secretário executivo da Saúde, João Gabbardo.
Da mesma forma que a globalização pode acelerar a disseminação de vírus como o Covid-19, também representa um avanço no intercâmbio de informações rápidas, criando melhores condições para conter doenças. “Os esforços de coordenação internacionais são uma vantagem para que o vírus seja controlado no Brasil”, avaliou o especialista em Saúde Coletiva e professor da Universidade de Brasília Jonas Brant.
No entanto, não é necessário esperar o vírus se manifestar para começar a agir. “Muito ao contrário. O enfrentamento será mais eficiente caso a população incorpore as orientações de higiene respiratória, uma cultura que não impacta somente na contenção do coronavírus, mas na transmissão de outras doenças respiratórias”, alertou Brant.