Mais três pessoas entraram para o rol de suspeitos de terem contraído o coronavírus. Com a atualização divulgada ontem pelo Ministério da Saúde, subiu para 11 o número de casos sob estreita observação no país, invertendo uma tendência que, até terça-feira, era de queda. Mas não há confirmação de que a doença circula no Brasil.
Os novos casos em análise são do estado de São Paulo, que atualmente concentra seis suspeitos. As ocorrências estão divididas, ainda, entre Rio de Janeiro, com dois casos, e Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná, com um relato cada. Desses, seis são homens e cinco são mulheres. Todos fizeram viagem para China, país que concentra 99,1% dos casos.
Até o momento, o ministério descartou 33 registros de pacientes que apresentavam as características da doença, mas que não indicaram a presença de coronavírus após a realização de exames clínicos.
O aumento dos registros e a possibilidade real da presença do agente infeccioso no país têm movimentado ações de contingência por parte do governo. A mais nova delas, anunciada pelo secretário executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, consiste na contratação de mil leitos de UTI para atendimento de possíveis pacientes infectados.
“Todos os recursos até então utilizados pelo Ministério da Saúde estão dentro do orçamento resguardado para medidas de emergência como essas”, afirmou Gabbardo, sem informar, porém, quanto será investido na reserva dos leitos. Segundo ele, a pasta acompanha o desenvolvimento dos cenários para determinar as medidas a serem tomadas. “Neste momento, nós não temos a circulação de vírus no Brasil, mas programamos a possibilidade de surgimento dos primeiros casos para um enfrentamento da crise”, completou.
Até o fim desta semana, a Saúde espera concluir também a licitação para aquisição de insumos para proteção de profissionais da saúde que trabalhem nos casos suspeitos do Covid-19, nova nomenclatura do vírus dada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), conforme as diretrizes internacionais.
Repatriados
O balanço do Ministério da Saúde não inclui as análises feitas nos 34 repatriados e 24 membros da equipe de resgate, que chegaram ao país no último domingo. Vindos de Wuhan, local de maior incidência da doença, continuam em quarentena na Base Aérea de Anápolis (GO).
O resultado dos primeiros exames no grupo, divulgado na última terça-feira, afasta a presença de coronavírus. Mesmo assim, o isolamento dessas 58 pessoas deve ser mantido pelo tempo previsto. Segundo o Ministério da Defesa, responsável pela operação, ainda serão realizados outros dois testes semanais, mas como medida de segurança. A previsão para liberação dos repatriados é em 27 de fevereiro.
Os últimos dados oficiais do relatório da OMS mostram que 43.103 mil pessoas contraíram o Covid-19. Deste montante, 17% apresentaram casos graves e 1,018 morreram. 99,1% dos casos se concentram na China. As outras 395 confirmações estão espalhadas entre 24 países.
Simulação de emergência
Com o objetivo de se preparar para um possível plano de contingência, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) simula a recepção e oencaminhamento de suspeitos de coronavírus para unidades de saúde. Na tarde de ontem, servidores da autarquia realizaram os testes junto à Autoridade Portuária de Santos para validar os procedimentos de resposta à identificação de possíveis casos.