Correio Braziliense
postado em 12/02/2020 16:25
Virou moda sobretudo entre crianças e adolescentes. Dois colegas chamam um terceiro para compor uma formação em linha reta. Primeiro, os dois da ponta dão um pulo, como se performassem uma coreografia. Depois, convidam o componente do meio para fazer o mesmo. No momento em que ele salta, surpresa: leva uma bela rasteira e cai no chão.O jogo, aparentemente, termina em muitas risadas e vai para as redes sociais, onde se transforma numa espécie de desafio. "Peguei um bobo! Agora, quero ver pegar também!", instigam os posts - comuns até mesmo em perfis de celebridades . O problema, alertam especialistas, é que a brincadeira é perigosa e pode ter desfechos terríveis, que incluem lesões na coluna, fraturas e até morte.
Riscos para todos
Segundo o ortopedista Eduardo Frois Temponi, o maior perigo do desafio está no fato de que a pessoa que recebe a rasteira, uma vez que é pega "no susto", cai sem chance de se apoiar durante a queda, usando as mãos ou os braços. Com isso, corre o risco de bater com a cabeça ou machucar a coluna regiões importantes, o que pode ocasionar sequelas irreversíveis.
"Por exemplo, traumas cranioencefálicos. Esse tipo de traumatismo leva a desmaios simples, perda de consciência, perda de habilidades cognitivas e até mesmo à morte, se houver um sangramento muito grande. No caso de ferimentos na coluna, tanto a lombar quanto a cervical, eles podem ocasionar prejuízos aos movimentos e à sensibilidade. Ou seja: paraplegia e tetraplagia", alerta.
O especialista também chama atenção para a possibilidade de contusões e rupturas ósseas, que não raro requerem cirurgias complexas e longos períodos de imobilização e recuperação.
"Estamos falando de impactos com potencial para romper ligamentos - uma experiência, por sinal, bastante dolorosa. Ou de gerar luxações - quando uma articulação perde o contato com a outra. É importante ressaltar que quem dá a rasteira, o 'agressor' também está sujeito a isso, já que a pessoa agredida pode cair em cima da perna dele. Essa 'brincadeira, portanto, é perigosa para todos os envolvidos, não só para o 'desavisado' que cai de costas. No fim das contas, todo mundo pode acabar parando no hospital", pondera o médico.
Resgate
Em caso de desmaios e dificuldades de locomoção dos envolvidos no desafio, o especialista em coluna Daniel Oliveira é infático: é muito importante não tentar mover a pessoa da superfície em que ela estiver, ou fazer com que ela se levante.
De acordo com o ortopedista, em caso de fraturas na coluna ou no pescoço, por exemplo, qualquer movimento pode piorar o quadro da pessoa ferida, condenando-a à cadeira de rodas ou à morte.
"Tem que chamar o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel) ou Corpo de Bombeiros. Só eles são treinados para fazer esse tipo de resgate. Agora, o que todos podemos fazer é atuar na prevenção desses acidentes. O desafio da rasteira não é um entrentenimento saudável. Precisamos conscientizar juventude disso o quanto antes", reflete.
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