O Ministério da Saúde anunciou ontem que não identificou indícios de coronavírus em nenhum dos 34 brasileiros e chineses parentes de brasileiros que chegaram ao país no último domingo, após serem resgatados de Wuhan, na China, cidade com o maior número de casos de infecção e de morte por Covid-19, a doença causada pelo agente contaminante. Os repatriados foram submetidos a um exame molecular, que analisou as amostras de sangue de cada um. Todos os resultados deram negativo para a presença do vírus. Além do grupo, a tripulação que fez parte do resgate, formada por 24 pessoas (14 médicos, oito tripulantes e dois jornalistas), fez o exame e nenhuma delas foi infectada.
Apesar de estarem sem sintomas e, a princípio, imunes à infecção, tanto os repatriados quanto a tripulação devem permanecer em quarentena no Hospital de Trânsito de Oficiais da Força Aérea Brasileira, em Anápolis (GO). O período de 18 dias de isolamento, estipulado pelo Ministério da Defesa, tem previsão de acabar em 26 de fevereiro.
“Durante a quarentena, os repatriados têm seus sinais vitais monitorados todos os dias, que consiste em verificar frequência cardíaca, respiratória, pressão arterial e temperatura, além da presença de quaisquer sintomas, como febre, falta de ar e tosse”, explicou o diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Júlio Croda. Existe a possibilidade de apenas a tripulação receber alta, mas continuar sendo monitorada fora da Base Aérea. No entanto, o Ministério da Defesa ainda não confirmou essa informação.
Protocolo
Segundo o Ministério da Saúde, oito pacientes (quatro homens e quatro mulheres, entre 3 e 60 anos de idade) estão em observação por suspeita de Covid-19. Segundo o secretário executivo da pasta, João Gabbardo, as análises dos casos seguem protocolos determinados.
“Os pacientes ficam durante três dias, em média, fazendo os primeiros testes. Depois, a gente tem mais três a quatro dias para fazer a conclusão do processo. A previsão da investigação completa é de uma semana”, detalhou.
Os casos estão divididos entre as regiões Sudeste e Sul, sendo três só em São Paulo. De acordo com a Secretaria de Saúde do estado, as pessoas consideradas suspeitas estão em isolamento domiciliar. A pasta orientou parentes a adotar medidas de prevenção, como o uso de máscaras, a higienização das mãos e o não compartilhamento de objetos de uso pessoal.
“Estamos descartando casos suspeitos. As equipes seguem atentas para realizar respostas rápidas e efetivas quando necessário”, afirmou a diretora da Vigilância Epidemiológica da secretaria, Helena Sato.
Nenhum caso foi confirmado no Brasil, até agora, e 33 foram descartados —14 em São Paulo, oito no Rio Grande do Sul, quatro em Santa Catarina, três no Rio de Janeiro, dois no Paraná, um em Minas Gerais e um no Ceará. Mesmo assim, o país segue no último nível, de três possíveis, da escala de alerta definida pelo Centro de Operações de Emergência do Ministério da Saúde — a pasta classifica o surto como emergência de saúde pública de importância nacional.
Boletim da Organização Mundial de Saúde aponta que, em todo o mundo, foram confirmados pelo menos 43 mil casos de infecção — pouco mais de 42,7 mil são na China, onde morreram aproximadamente de 1,1 mil pessoas em decorrência do Covid-19.