O economista do IBGE e gerente do IPCA, Pedro Kislanov, explicou que a deflação em janeiro na capital federal teve contribuição da gasolina, que registrou a maior queda nas áreas pesquisadas, de 1,87%, e também da retração no preço das passagens aéreas. “Como o combustível tem um peso de 6,88% na composição do indicador, acabou pesando. Outro dado importante no setor de transportes foi o bilhete aéreo, que, depois de subir 20,47%, em dezembro, recuou 7,69% em janeiro no DF”, comentou. Na contramão, ele citou entre as maiores altas a da passagem de ônibus, de 5%, e a do valor de condomínios, de 1,42%.
Contudo, para o motorista de aplicativo Antônio Sérgio Batista, 41 anos, os combustíveis não tiveram a queda de preço apontada pelo IBGE na capital federal. Antônio, que trabalha durante oito horas por dia, de segunda-feira a sábado, sonha com a possibilidade de redução dos preços da gasolina, pois pagaria muito menos para poder rodar de carro pela cidade. Ele gasta R$ 600 por semana para abastecer o carro. “No ano passado, dava para achar gasolina por R$ 3,99 em alguns lugares. Este ano, não chegou nesse patamar ainda. O preço até que baixou da semana passada para cá, mas ainda está muito alto”, reclamou.
A terceirizada Marlene Gomes, 60 anos, também não percebeu alívio no custo de vida. Ela reclama dos preços que não param de subir e contou que faz malabarismo para não faltar comida em casa e ainda conseguir pagar todas as contas. “A gente até tenta economizar numa coisa ou em outra, mas parece que nunca muda, e tudo fica mais caro. Se consigo diminuir a conta de água, a energia aumenta”, disse Marlene, que mora com um de seus três filhos. Ela se queixou dos reajustes do condomínio e da passagem de ônibus, em janeiro. “E, para piorar, ainda tem o ônibus que aumentou. Se quiser ir em qualquer lugar, vou ter que gastar mais outra fortuna”, completou.
De acordo com Kislanov, com a nova metodologia adotada pelo IBGE, Brasília ganhou mais peso no cálculo do IPCA: passou a representar 4,06% do indicador, ante 2,8% anteriormente. “Na capital federal, o rendimento das famílias é mais elevado, que é uma importante variável para o peso dentro do IPCA”, explicou. Segundo ele, São Paulo continua tendo o maior peso no indicador, tendo passado de 30% para 32,28%. O Rio de Janeiro perdeu participação, caindo de 12,06% para 9,43%.
*Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo