Brasil

Juiz é vítima da cerveja

Mais duas pessoas morreram, elevando para seis o número de óbitos em decorrência de síndrome nefroneural associada à intoxicação por dietilenoglicol. Foi o que informou o boletim da Secretaria de Estado de Saúde (SES), divulgado no início da noite de ontem, que não cita os nomes das novas vítimas. Mas o Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte, confirmou que um deles é João Roberto Borges, de 74 anos, juiz titular da 28ª Vara do Trabalho da capital. O juiz estava internado desde 12 de janeiro e morreu na madrugada de ontem.

A outra morte ocorreu no dia 1º, segundo os dados da SES, que revelam apenas que se trata de um homem. Força-tarefa de autoridades da saúde, sanitárias e policiais investigam casos suspeitos da intoxicação e sua ligação com o consumo da cerveja Belorizontina, da Backer.

Pela manhã, a Polícia Civil divulgou, sem informar o nome, que o paciente que morreu ontem era um dos listados no inquérito como casos suspeitos de contaminação por dietilenogligol e que o corpo foi levado ao Instituto Médico-Legal (IML), para exame de necropsia. O inquérito já dura 25 dias.

Testes realizados pela Polícia Civil e Ministério da Agricultura, e até mesmo por um químico contratado pela própria empresa, já apontaram a presença da substância, que az Backer nega usar, em garrafas da Belorizontina e de outros rótulos da marca. Dietilenoglicol e monoetilenoglicol foram encontrados inclusive em tanque de água usada na composição das cervejas. Sobre o monoetilenoglicol, também tóxico, a empresa afirma usá-lo exclusivamente em tanques de refrigeração e serpentinas na fase de fermentação da cerveja, que seriam isolados do produto.

Até ontem, foram notificados à SES 30 casos suspeitos de intoxicação por dietilenoglicol, sendo 26 homens e quatro mulheres. Quatro casos —incluindo o de um dos pacientes que morreram — foram confirmados por meio de exames, e os 26 restantes continuam sob investigação, uma vez que apresentaram sinais e sintomas compatíveis com o quadro de intoxicação por dietilenoglicol e com relato de exposição à Belorizontina.

Além das mortes informadas no novo boletim da SES, outros três homens e uma mulher foram vítimados pela síndrome nefroneural associada ao consumo da Belorizontina. São eles: um homem de Ubá que estava internado em hospital de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, e morreu em 7 de janeiro; dois homens que morreram em Belo Horizonte, nos dias 15 e 16 de janeiro; e uma mulher, em Pompéu, 28 de dezembro.

A maior parte dos casos, 22 no total, se concentra em Belo Horizonte. Mas a distribuição geográfica por município de residência do paciente inclui ainda registros em Capelinha, Nova Lima, Pompéu, Ribeirão das Neves, São João Del Rei, São Lourenço, Ubá e Viçosa.