Brasil

Três casos suspeitos

Ministério da Saúde confirma que, além da jovem em BH, surgiram duas possibilidades de contaminação, em Curitiba e em Porto Alegre. Centro de Operações de Emergência subiu o nível de alerta para o estágio 2

O Ministério da Saúde confirmou ontem três casos suspeitos de coronavírus no Brasil. O primeiro já tinha sido anunciado pela Secretaria de Saúde de Minas Gerais: uma estudante de 22, que esteve na cidade de Wuhan, na China, epicentro dos casos, entre 29 de agosto de 2019 e 23 de janeiro de 2020. Outros dois foram adiantados pelo Correio e confirmados em seguida pela pasta, nas cidades de Curitiba e São Leopoldo (RS) — mas cujos detalhes não foram divulgados. Os pacientes passam por exames para confirmar a infecção, que provoca um surto e já contaminou aproximadamente 5 mil pessoas na China.


A jovem internada em Belo Horizonte chegou ao Brasil na última sexta-feira e se encontra estável e isolada no Hospital Eduardo de Menezes, na região metropolitana da capital mineira. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que a pasta acompanha o caso de perto e disse que 14 contatos mais próximos dessa paciente estão sendo monitorados diariamente. Até o momento, nenhum deles apresentou sintomas. Esse acompanhamento das pessoas próximas à paciente acontece por telefone, WhatsaApp e por visitas para saber se há qualquer elevação de temperatura e sinal de infecção respiratória.


As declarações do ministro foram feitas em coletiva de imprensa, antes dos casos registrados na Região Sul serem confirmados como suspeitos. Em nota divulgada pela assessoria de comunicação, o Ministério esclareceu o estágio das novas suspeitas.


“Os pacientes se enquadraram na atual definição de caso suspeito para nCoV-2019 (o novo coronavírus), estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ou seja, apresentaram febre e pelo menos um sinal ou sintoma respiratório, e viajaram para área de transmissão local nos últimos 14 dias”, diz trecho do texto.


Segundo Mandetta, o sistema de saúde do Brasil está preparado para lidar com o coronavírus. “Nosso sistema de saúde já lidou com a SARS e com a H1NI, por exemplo”, assegurou.
De 3 a 27 de janeiro, o Centro de Informações Estratégicas e Resposta de Vigilância em Saúde Nacional  (CIEVS) analisou 7.063 rumores, sendo que 127 exigiram verificação. “É um momento de tranquilizar a população brasileira. Não há evidências de que o vírus esteja circulando no Brasil”, garantiu o ministro.
Com o caso suspeito, o ministério confirmou também que o nível do Centro de Operações de Emergência, instalado na última quinta-feira, subiu. Até ontem, o COE trabalhava com o nível de alerta 1 e passou para 2, em uma escala de 1 a 3.


“São três níveis de ativação do COE. Nós estávamos até ontem no nível 1, que é um nível de alerta. Na medida em que nós identificamos o primeiro caso que se enquadra na definição de caso suspeito, nós estamos agora no nível 2, de perigo iminente. A partir do primeiro caso confirmado no país, declaramos emergência de saúde pública e passamos para o nível 3”, explicou o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira.


Mandetta afirmou que a maior mudança nesta fase é o grau de vigilância, inclusive em portos e aeroportos. O alerta foi aumentado por causa da mudança de definição de caso suspeito feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Agora, todas as pessoas vindas da China, nos últimos 14 dias, que apresentem febre e sintomas respiratórios, podem ser considerados casos suspeitos.
Por isso, o Ministério da Saúde desaconselhou viagens àquele país. “Não é recomendável que a pessoa se exponha a uma situação dessas e depois retorne ao Brasil, e exponha mais pessoas. Recomendamos que, não sendo necessário, que não se faça viagens, até que o quadro todo esteja bem definido”, reforçou Mandetta.


O ministério estima que 250 pessoas venham da China para o Brasil por dia, o que obriga a redobrar a atenção com a entrada desses passageiros. De acordo com a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), a quantidade de voos que receberá atenção será maior.


“Estamos mapeando todas as aeronaves que podem ter casos de viajantes da China. Voos que vêm da Europa e da Ásia tem passageiro que vem da China“, ressaltou Marcelo Felga, coordenador de Saúde do Viajante em Portos, Aeroportos, Fronteiras e Recintos Alfandegados da Anvisa.


A servidora pública Shelly Valadares, de 52 anos, que voltava de Londres para Brasília, conta que na viagem de ida ficou doente, teve um resfriado e depois uma infecção pulmonar. Ela acredita que adoeceu por meio de contaminação dentro do aeroporto ou do avião em que estava. “Eu já estava usando máscara e agora eu acho que vou continuar usando sempre”. Ela conta que usar a máscara durante os voos faz diferença. “Respirar o ar do avião com a máscara faz parecer mais limpo. É muita gente respirando o mesmo ar”.

 

O caminho do caso suspeito
A jovem de 22 anos, identificada como o primeiro caso suspeito de coronavírus do Brasil, saiu de Wuhan, fez escala em Paris e chegou ao país pelo Aeroporto de Guarulhos. De São Paulo, pegou conexão até o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, onde desembarcou.


 


*Estagiário sob supervisão e Fabio Grecchi