A iniciativa foi tão positiva que se espalhou por diversos continentes e incluiu a capacitação de mais de 850 profissionais, entre professores e técnicos esportivos, que disseminaram a metodologia para cerca de 11 mil jovens em cerca de 400 escolas e centros esportivos de 12 países: Brasil, Colômbia, República Dominicana, Quirguistão, Líbano, Peru, Palestina, África do Sul, Tajiquistão, Uganda e Uzbequistão. No Brasil, além de Brasília, o trabalho foi realizado em regiões de vulnerabilidade social no Rio de Janeiro, Niterói e São Paulo.
A experiência brasiliense foi um dos destaques desta quinta-feira (23/1) no evento global do projeto Line up, Live Up, traduzido para o português como Vamos Nessa e sediado em Viena, na Áustria. Representantes governamentais, organizações da sociedade civil e especialistas das Nações Unidas se reuniram esta semana na capital austríaca para falar sobre prevenção de crimes e violência entre jovens em situação de risco por meio do esporte. “Esse encontro é um marco chave para as Nações Unidas, permitindo-nos a compartilhar resultados e lições aprendidas em diferentes partes do mundo. Ter muitos desses parceiros reunidos nos permite ampliar os conhecimentos sobre uma prevenção efetiva de crimes e o papel que o esporte pode desempenhar nisso, além de nos inspirar sobre o que mais podemos fazer juntos para ajudar jovens a evitar violência e crime”, afirmou Marco Teixeira, coordenador global do programa UNODC Doha Declaration.
Mais sensibilidade com os jovens
Convidada para apresentar o exemplo do DF em Viena, a superintendente executiva da Fundação Assis Chateaubriand, Mariana Borges, falou sobre como sua equipe pedagógica contribuiu para o sucesso do Vamos Nessa em seis Centros Olímpicos e Paralímpicos sob gestão da entidade, em parceria com o governo local. “O esporte está cada vez mais sendo um aliado para gerar mudanças sociais e assim contribuir para a agenda global de desenvolvimento sustentável”, observou Mariana. Na avaliação dela, a metodologia usada pelo UNODC foi eficaz também para fortalecer o perfil dos profissionais treinados. “Aumentou a sensibilidade dos professores com nossos atletas e ampliou a capacidade de eles atenderem não só as necessidades esportivas dos alunos, mas de entender a realidade em que vivem, oferecer apoio emocional e fazer um encaminhamento adequado. Para os atletas, tem ajudado a fazer uma reflexão e prevenir que se envolvam com violência, drogas e crime.” Segundo Mariana, ainda há espaço em Brasília para continuar com esse trabalho nos Centros Olímpicos e até ampliá-lo para jovens em medidas socioeducativas. “Vale pensar em uma parceria com outras instituições nesse sentido. O programa desenvolve habilidades que são para a vida.”
Para o secretário de Esporte e Lazer do DF, Leandro Cruz, foi uma honra ter a capital do Brasil como o primeiro lugar no mundo a aplicar o Vamos Nessa. “Tivemos a honra de coloca-lo em prática nos nossos Centros Olímpicos e Paralímpicos, proporcionando assim para nossas crianças e jovens a oportunidade de crescimento e desenvolvimento de forma mais solidária, mais participativa, com uma séria discussão sobre a questão das drogas no Brasil”, ressaltou ele, que não esteve no evento, mas gravou um vídeo, apresentado aos participantes.