O Ministério da Justiça e Segurança Pública está em alerta devido à fuga de 76 presos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) da Penitenciária Regional de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, e colocou pontos de bloqueio na fronteira entre os dois países no município de Ponta Porã (MS), na tarde deste domingo (19/1). Além disso, o patrulhamento na divisa das duas nações foi intensificado, com o governo sul-mato-grossense deslocando equipes das polícias Militar, Civil e Rodoviária Estadual para cuidar da região e buscar possíveis fugitivos.
De acordo com o secretário da Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, Antonio Carlos Videira, pelo menos 200 policiais foram enviados para o município. Também fazem parte da operação homens do Departamento de Operações de Fronteira, de equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), do Batalhão de Choque e da Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestro (Garras).
Em Ponta Porã, já foram encontrados três veículos queimados na BR-463, próximo ao distrito de Sanga Puitã, do lado brasileiro da linha internacional que separa os dois países. Como o achado se deu logo após a fuga da penitenciária, Videira acredita que parte dos criminosos fugiu para o Brasil. “Vamos fechar não só a fronteira, mas também as divisas com os estados de São Paulo, Paraná e Goiás, pois já temos a informação de que muitos dos fugitivos são brasileiros de fora do nosso estado”, disse.
Segundo o secretário, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), as secretarias de Segurança Pública desses estados e a Guarda Nacional do Paraguai já foram comunicadas para que sejam tomadas decisões de recaptura dos criminosos da facção.
“Nossa inteligência está em contato ininterrupto com a polícia do Paraguai para troca de informações e, se necessário, de documentos. Pode haver casos de presos de lá que não tenham mandado de prisão aqui. Vamos dar apoio incondicional a eles nesse caso, pois interessa à nossa segurança”, frisou, acrescentando que as seguranças de terminais rodoviários, aeroportos e postos de fiscalização foram colocadas em alerta.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, prometeu o empenho do governo brasileiro para localizar todos os fugitivos. “Estamos trabalhando junto com as forças estaduais para impedir a reentrada no Brasil dos criminosos que fugiram de prisão do Paraguai. Se voltarem ao Brasil, ganham passagem só de ida para presídio federal”, informou o ministro, por meio de uma rede social.
“Estamos à disposição também para ajudar o Paraguai na recaptura desses criminosos. O Paraguai tem sido um grande parceiro na luta contra o crime”, acrescentou Moro.
Ajuda de penitenciários
Ainda está em apuração por parte do governo paraguaio como os detentos conseguiram deixar a penitenciária. Imagens do circuito interno da prisão serão analisadas. Até o momento, uma das hipóteses para a fuga está ligada a um túnel de 25 metros de comprimento cavado pelos presos e que ligava um dos pavilhões à área externa da penitenciária.
Entretanto, o país considera a possibilidade de uma escapada pela porta da frente com a ajuda de funcionários do complexo presidiário, tanto que o chefe de Segurança, Matías Vargas, e o diretor da penitenciária, Cristian González, foram demitidos. Também foram presos cinco guardas da prisão.
"Impossível que eles não tenham visto a quantidade de areia em uma das celas. O túnel foi cavado de uma cela que vai para o lado da prisão. Não é possível que os funcionários não tenham visto uma saída no perímetro da penitenciária. Existe um conluio brutal óbvio”, disse a ministra da Justiça do Paraguai, Cecilia Pérez.
Em entrevista coletiva, Pérez, ressaltou que o ministério denunciou em dezembro a existência de um plano de "fuga ou resgate" do PCC, pelo qual agentes penitenciários receberiam US$ 80 mil pela liberdade de líderes da facção. O efetivo policial foi reforçado nos presídios, mas não foi possível conter a fuga. A ministra considerou o caso "extremamente grave e sem precedentes" e colocou o cargo à disposição do presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez.
"A responsabilidade política deste ministério é minha e eu trabalho e devo ao Presidente da República, à cidadania e à opinião pública. O presidente tomará a decisão que ele deve tomar", afirmou a ministra.
O ministro do Interior do país, Euclides Acevedo, afirmou que está sendo investigada a possibilidade de que o túnel tenha sido construído “de fachada” para esconder a suposta cumplicidade dos funcionários. Ele anunciou alerta máximo de segurança e alertou que a maioria dos fugitivos é altamente perigosa. "Agora, o principal objetivo é recapturá-los e disponibilizá-los ao Ministério Público", destacou.