As viagens de ônibus em algumas cidades brasileiras estão entre as mais demoradas do mundo. Isso é o que mostra levantamento realizado pela empresa de aplicativos de transporte público Moovit, divulgado nesta quarta-feira (15/1). O Rio de Janeiro aparece em 3º lugar num ranking que inclui 99 cidades de 25 países. Brasília é a 11ª onde os passageiros mais tempo ficam nos ônibus.
A capital da Turquia, Istambul, fica em primeiro lugar com 1 hora e 11 minutos de tempo médio de deslocamento do ônibus. A Cidade do México fica em segundo com 1 hora e 9 minutos. No Rio de Janeiro, segundo o estudo, os passageiros ficam, em média, 1 hora e 7 minutos dentro do ônibus.
A capital federal, além de aparecer no cenário global em 11º lugar, com viagens de 1 hora e 1 minuto, teve recentemente um reajuste nas passagens de ônibus que deixou vários brasilienses revoltados. As tarifas passaram de R$ 2,50 (circular interno) para R$ 2,85. Ligações curtas de R$ 3,50 para R$ 3,85. Metrô, ligações longas e integração, de R$ 5,00 para R$ 5,50.
Para a doutora em transporte público pela Universidade de Brasília, Adriana Modesto, o estudo sobre a duração do tempo de viagem pecou em não levar em consideração uma distância precisa. Para ela, para se ter um melhor diagnóstico da duração, seria melhor que tivessem feito esse cálculo para se chegar a uma solução.
Dez regiões metropolitanas brasileiras fazem parte do relatório feito pela Moovit. Depois do Rio, Recife (PE) fica em segundo com 1 hora e dois minutos. A maior cidade do Brasil, São Paulo, fica em terceiro com o mesmo tempo dos pernambucanos. Brasília fica em quarto. Belo Horizonte (1 hora), sendo seguida por Salvador (55 minutos), Curitiba (54 minutos), Fortaleza (53 minutos), Campinas (SP, com 51 minutos) e Porto Alegre (46 minutos).
Além de ter o maior tempo de viagem, o Rio de Janeiro apresenta o maior percentual de pessoas que levam entre uma e duas horas para fazer uma viagem longa. Segundo o estudo, são 36%. Segundo o estudo, 34,26% dos brasilienses ficam na mesma situação. E 5,1% mais de duas horas. O tempo médio de espera em uma parada de ônibus na capital federal é de 23 minutos, ficando em segundo lugar no Brasil. Em Recife, que ficou em primeiro, é de 24 minutos.
O estudo ainda mostra que em Brasília, cerca de 27% dos usuários percorrem mais de 1km no trajeto que engloba caminhada até a parada de ônibus/estação nas baldeações até o destino final. Os dados possuem os mesmos percentuais de Lisboa (Portugal). E menor que Nova York (25%), Curitiba (22%), Campinas (20%) e Recife (19%).
Mais da metade dos brasilienses fazem duas baldeações por viagem. O estudo revela que são 53%. Outros 11% fazem três ou mais trocas. Nesse aspecto, Brasília surge em segundo lugar. A distância média das viagens gira em torno de 14,29km. Sendo assim, Brasília é a primeira cidade brasileira a aparecer na categoria.
A reportagem entrou em contato com o a Secretaria de Transporte e Mobilidade do DF para questionar sobre o motivo da demora das viagens dos coletivos. De acordo com a pasta, deve ser levado em consideração as grandes distâncias entre as regiões administrativas, o que resulta na demora. Também foi perguntado sobre o tempo de espera nas paradas dos ônibus, que é a segunda maior do Brasil, mas a secretaria não comentou o assunto.
Veja a nota:
"A Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob) esclarece que Brasília tem uma série de peculiaridades que a diferencia de outras cidades do país e do mundo. A começar pelas grandes distâncias entre as regiões administrativas, o que faz com que os passageiros passem mais tempo dentro dos ônibus e, que, portanto, não torna o sistema de transporte da capital ruim, mas demonstra o esforço que tem sido realizado pelo GDF para promover uma melhor mobilidade para a cidade.
O transporte público coletivo é uma prioridade deste governo. No ano passado, por exemplo, iniciou-se a renovação da frota. Até o fim de 2019, foram entregues 728 ônibus e a previsão é de que, até dezembro de 2020, um total de 2.412 veículos sejam renovados.
Os ônibus com porta dos dois lados para operar na EPTG também já são uma realidade na capital federal. Na segunda-feira (13/1), cerca de 160 coletivos foram entregues e agora estão operando na faixa exclusiva da via.
Além disso, as empresas de ônibus vão adquirir, neste ano, mais de cem coletivos para aumentar a oferta em linhas com maior lotação."
* Estagiário sob a supervisão de Vinicius Nader
* Estagiário sob a supervisão de Vinicius Nader