De acordo com o presidente da Abrasif, Maurício Costa, a maneira de o ser humano se relacionar com a morte mudou. ;Há 10 anos, a média de custo de um funeral era de R$ 1.300. Atualmente, gira em torno de R$ 2.500;, afirma. Ou seja, um aumento de 92% no período. Para ele, o fato de um funeral e um sepultamento serem uma ;necessidade básica do ser humano; faz com que o setor não sofra grandes baques. Outro fator de influência no crescimento foi a adesão de parte da população a planos funerários. ;O crescimento é maior porque, em 2018, tivemos um projeto aprovado que habilitou essa venda pelas empresas do setor funerário;, explica.
De acordo com a presidente do Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Sincep), Gisela Adissi, os planos funerários custam de R$ 30 a R$ 300 por mês. Apesar da nova opção, Gisela aponta que só 10% das famílias têm um planejamento para este momento da vida, sendo que 90% das mortes são anunciadas. ;Em termos práticos, as pessoas estão deixando para resolver mais na hora. A gente lidava de outra forma com a morte. Atualmente, expressamos cada vez menos. Estamos em uma era que esconde as tristezas;, diz.
A consultora de gestão de luto, que trabalhou por 18 anos em um cemitério, observa que a mudança de gerações também influenciou no mercado da morte. ;Antigamente, a posse de um jazigo estava vinculada a um status da família. Hoje, não vemos isso;, afirma. O jazigo é o local onde as urnas funerárias, conhecidas popularmente como caixões, são enterradas. Gisela afirma que o preço de um pode variar de R$ 3 mil a R$ 1 milhão. ;Os mais caros podem chegar a ter 16 gavetas e o mais barato, geralmente, tem duas;, explica.
Gisela define o setor funerário e cemiterial como uma categoria que está sendo muito visada, mas ainda não é consolidada. ;É um setor estável, de alta lucratividade, mas com um nível de governança baixa, porque temos empresas de médio porte;, ressalta. Maurício concorda e afirma que não há nenhuma grande empresa dona de um monopólio. ;São empresas pequenas, em sua maioria, familiares;, aponta.
Em 2020, número de funerárias no DF crescerá
No Distrito Federal, o setor é composto por 45 funerárias e seis cemitérios, todos administrados pela empresa Campo da Esperança. De acordo com o subsecretário da Subsecretaria de Assuntos Funerários (Suaf), José Carlos Medeiros, esse número diminuiu do ano passado para 2019. ;Eram 54 empresas em 2018, mas algumas cometeram faltas administrativas e tiverem seu termo de ajustamento de conduta cassado;, conta.No entanto, Medeiros afirma que há a previsão de um novo edital de licitação ser lançado em janeiro, com a abertura de 51 outorgas para a prestação do serviço funerário por um período de 10 anos. De acordo com ele, o aumento se deve à projeção da mortalidade até 2030. ;A previsão para daqui a 10 anos é de 14.704 óbitos por ano no DF. Eu não poderia contratar somente 45 agora, sendo que vamos ter uma demanda maior por funerais daqui a 10 anos. O Estado tem que pensar no futuro;, reforça. Atualmente, morrem em média no Distrito Federal de 926 a 1.000 pessoas por mês.
Cerca de 20% dessas pessoas aderem ao sepultamento social, que é oferecido pelo Estado para aqueles que não têm condição de pagar pelo serviço. A renda desses cidadãos não pode ultrapassar meio salário mínimo (R$ 499) per capita. ;Até quem não tem condições de pagar se vira nos momentos finais para prestar uma última homenagem;, comenta Medeiros. (MEC)