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Dois caciques indígenas da etnia Guajajara foram mortos, ontem, em um ataque a tiros na BR- 226, no Maranhão, na região do município de Jenipapo dos Vieiras, localizado a 506km de São Luís. De acordo com a Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular, o atentado foi registrado entre as aldeias Boa Vista e El Betel.
A Fundação Nacional do Índio (Funai) também confirmou a investida criminosa contra os indígenas. Foram mortos Firmino Silvino Guajajara e Raimundo Bernice Guajajara. Além deles, outros dois índios foram feridos pelos disparos e socorridos na Unidade de Pronto-Atendimento de Jenipapo dos Vieiras.
De acordo com informações publicadas nas redes sociais por um indígena que se identifica como ;Nelsi;, as vítimas estavam em motocicletas quando os autores passaram em uma caminhonete branca e dispararam. ;Ele (o autor) passou devagarzinho (de carro) perto de nós ali e, quando chegou perto, atirou, deu dois tiros. E ele ainda atirou nele ali (Firmino Guajajara);, disse o índio.
A Polícia Federal e a Funai, além da Polícia Militar e Civil, enviaram homens para a região. Por conta das mortes, indígenas protestaram e atacaram ônibus que passavam pela BR. Pelo menos um coletivo teria sido atingido por pedradas, que quebraram as janelas do veículo. A situação é tensa e as autoridades tentam negociar com os manifestantes.
A via foi fechada em razão do protesto. Diversos motoristas parados na estrada procuraram rotas alternativas. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, afirmou que acompanha o caso pelo Twitter e manifestou pesar pelas mortes. ;Lamento o atentado, ocorrido hoje no Maranhão, que terminou com dois índios guajajaras mortos e outros feridos. Assim que soube dos tiros, a Funai foi até a aldeia tomar providências, com as autoridades do governo do Maranhão;, escreveu.
De acordo com o ministro, a Força Nacional pode ser enviada à região para reforçar a segurança. ;A Polícia Federal já enviou uma equipe ao local e vai investigar o crime e sua motivação. Vamos avaliar a viabilidade do envio de equipe da Força Nacional à região. Nossa solidariedade às vítimas e aos seus familiares;, completou.
A líder indígena Sônia Guajajara protestou por meio de uma rede social. ;Até quando isso vai acontecer? Quem será o próximo? É preciso que as autoridades tenham um olhar específico para os povos indígenas. Vidas estão sendo tiradas em nome do ódio e do preconceito! Nenhuma gota mais de sangue indígena;, escreveu.
Conflitos
Este não é o primeiro caso de violência contra os povos indígenas neste ano na região. No mês passado, o cacique Paulo Paulino Guajajara foi morto durante um ataque na Terra Indígena Arariboia, na região de Bom Jesus das Selvas. Além dele, morreu Márcio Greykue Moreira Pereira, apontado como madeireiro.
Laércio Guajajara, primo do indígena assassinado, também ficou ferido. Paulo Guajajara fazia parte de um grupo chamado ;Guardiões da Floresta;. Eles fiscalizam atividades ilegais e denunciam a degradação da mata por madeireiros e garimpeiros ilegais. Ele havia sido incluído no Programa Estadual de Proteção aos Defensores de Direitos (PPDDH).
Após a morte de Paulo, outros três índios que estavam sob proteção do programa foram retirados do local por autoridades estaduais. Eles foram levados para endereços sigilosos, a fim de preservarem suas vidas.