Depois de mudar o tom em relação ao massacre de Paraisópolis e determinar uma mudança de protocolo da Polícia Militar, o governador de São Paulo, João Doria, disse nesta sexta-feira, 6, que não tem "compromisso com erro" e chamou de "dramático" o episódio.
Em discurso para uma plateia de empresários do Lide (Grupo de Líderes Empresariais), o governador chegou a ficar com a voz embargada ao falar da tragédia e disse que na segunda-feira vai receber representantes da comunidade e familiares das vítimas.
"Nesse momento dramático de Paraisópolis, ao invés de uma atitude impositiva, generalista ou de acusação à um ou outro, não vamos nem acusar a comunidade nem acusar a policia. Buscamos o diálogo", disse Doria. Em outro momento de sua fala, o tucano defendeu a comunidade e a PM.
"O fácil era ser um oportunista ou populista, como alguns foram, ou agir generalizando e dizendo que a culpa é da comunidade. Não é verdade. A maioria expressiva dos que vivem em comunidade são pessoas de bem. Também não é verdade dizer que a policia é insensível e violenta. Seria o mesmo erro do outro lado da moeda", emendou.
No último domingo, 1, uma ação da PM causou a morte de 9 jovens em um baile funk na favela de Paraisópolis, zona sul de São Paulo. Na segunda-feira, 2, o governador saiu em defesa da corporação e disse que a letalidade não foi provocada pela PM.
No entorno de Doria, o caso é tratado como a maior crise da sua gestão e a primeira reação do tucano foi considerada um erro.
No evento do Lide o governador também aproveitou seu discurso para fazer um contraponto ao presidente Jair Bolsonaro. Disse que não há "nada melhor que a democracia" e que seu eixo é o centro, longe dos extremos. "Nunca advoguei o ódio e a contenda como princípio básico de vida". E frisou: "Torço pelo bem e pelo êxito do presidente da República, sem uma visão mesquinha pensando em algo que pudesse me favorecer."