[FOTO1]O vazamento de óleo que afeta mais de 2.000 km da costa brasileira desde o final de agosto atingiu pela primeira vez o estado do Rio de Janeiro, informou a Marinha neste sábado (23/11), relatando o avistamento de 300 gramas de óleo em uma praia.
Esses fragmentos de óleo foram identificados e removidos na praia de Grussai, em São João da Barra, a mais de 300 km ao norte do Rio de Janeiro.
"As amostras analisadas são compatíveis com o óleo encontrado na costa nordeste", afirmou o Instituto de Estudo do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM), que constatou que os fragmentos eram compatíveis com o óleo encontrado no litoral da região Nordeste e Espírito Santo.
Uma foto que ilustra o comunicado mostra pequenos fragmentospretos de menos de um centímetro na palma da mão de um membro da Marinha usando uma luva de plástico.
Esse misterioso derramamento de óleo começou a sujar as praias da região nordeste no final de agosto, com as primeiras machas chegando no estado da Paraíba.
Em seguida, espalhou-se em grandes quantidades e, no início de novembro, chegou pela primeira vez ao sudeste no inicio de novembro, no litoral do Espirito Santo.
O Ibama identificou mais de 700 localidades cujas praias ficaram sujas de óleo, com o vazamento do petróleo afetando mais de 70% das cidades costeiras do nordeste, uma região pobre cuja economia é altamente dependente do turismo .
Segundo a Marinha, mais de 4.500 toneladas de resíduos de petróleo foram coletadas e mais de 5.000 militares foram mobilizados para as operações de limpeza.
Os fragmentos de óleo encontrados no Estado do Rio ainda estão longe de lugares emblemáticos, como a praia de Copacabana (mais de 300 km) ou o balneário de Búzios (220 km), muito popular entre turistas de todo o mundo, mas a escala das áreas afetadas aumentou constantemente nos últimos meses.
Além das praias, os especialistas estão preocupados com a poluição dos recifes de coral e manguezais, que são muito mais difíceis de limpar.
O governo do presidente Jair Bolsonaro - cuja política ambiental já foi fortemente criticada pelo ressurgimento de incêndios florestais e desmatamento na Amazônia - foi questionado por várias ONGs que denunciam inércia autoridades em face do vazamento do óleo.
As causas desse desastre ambiental ainda não foram estabelecidas e a origem do vazamento permanece desconhecida, embora análises de amostras tenham confirmado que o óleo era de origem venezuelana.
As autoridades anunciaram no início de novembro que suspeitas pairavam sobre um cargueiro grego chamado Bouboulina, mas o armador negou qualquer envolvimento.
Na quinta-feira, pesquisadores da Universidade de Alagoas apresentaram em audiência na Câmara dos Deputados um relatório refutando as suspeitas sobre o Bouboulina, embora atribuindo responsabilidades a outros navios, alegações no momento não confirmadas pelas autoridades.