Após perder o certificado da eliminação do sarampo no início de 2019, o Brasil volta a ficar em estado de alerta contra a doença. Somente este ano, foram confirmados 10.429 casos da doença, e 9,4 milhões de jovens de 20 a 29 anos não estão vacinados, segundo o Ministério da Saúde. A informação preocupa especialistas, já que esta faixa etária acumula o maior número de casos confirmados, cerca de 30,6%.
Para voltar a eliminar a doença, o Ministério da Saúde lançou ontem a segunda etapa da Campanha Nacional de Vacinação contra o sarampo. O ministro interino da Saúde, João Gabbardo, reforçou a importância da campanha para interromper a transmissão do sarampo. ;Estamos tratando de uma população que não costuma visitar os postos ,porque não fica doente. Essas pessoas não ficam doentes, mas a faixa etária é a maior responsável pela transmissão da doença;, disse em coletiva de imprensa
A vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai, considera a situação grave. ;Voltar a ter uma doença que a gente conseguiu eliminar é um retrocesso;, afirma. A pediatra explica que se o país não mantém a cobertura vacinal, ou seja, se pelo menos 95% da população não está vacinada, pode haver surto. ;O sarampo é uma doença muito contagiosa. Uma pessoa contamina pelo menos 16 pessoas ao seu redor. É preciso que a população entenda que a participação dela é importante;, ressalta.
Nos últimos 90 dias, 5.660 casos de sarampo foram confirmados em 19 estados, incluindo o Distrito Federal. A maioria desses casos, 91%, estão concentrados em São Paulo. O secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, explicou que, para se proteger contra o sarampo, é necessário duas doses da vacina. No DF, o número de pessoas que ainda não foi vacinada ou não recebeu a segunda dose, dentro da faixa etária que é foco da campanha, chega a 188.836 mil pessoas.
Cerca de 200 mil doses estão disponíveis em todos os postos de vacinação. A campanha segue até o dia 30. A Tríplice Viral, além de prevenir o sarampo, combate a rubéola e a caxumba. Pessoas com idade entre 1 e 29 anos, que não foram vacinadas anteriormente ou que não tenham o registro da imunização, devem tomar duas doses, com um intervalo de 30 dias entre elas. Para pessoas entre 30 e 49 anos, a orientação é tomar uma dose. A vacina é contraindicada para gestantes. O Ministério da Saúde aconselha mulheres com planos de engravidar tomem todas as doses da vacina antes.