A Polícia Civil tentou intimar a prestar novo depoimento o porteiro do condomínio Vivendas da Barra, onde morava o PM reformado Ronnie Lessa, acusado do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes. Agentes estiveram na tarde de quinta-feira, na casa de Alberto Mateus, no bairro Gardênia Azul, na zona oeste, mas ele não estava em casa. Reportagem publicada ontem, na revista Veja, revelou o paradeiro do porteiro, mas ele não deu entrevista. Segundo a publicação, Mateus sente-se acuado, pois uma milícia domina o bairro onde mora.
Em dois depoimentos, Mateus contou que no dia do crime, 14 de março de 2018, o ex-PM Élcio Queiroz, também acusado do crime, esteve no condomínio por volta das 17h. Segundo o porteiro, Élcio anunciou que queria ir à casa 58, do então deputado federal Jair Bolsonaro, também morador.
Ele registrou a informação em um livro de entrada, e também contou que foi o próprio ;seu Jair; quem teria autorizado a entrada. Naquele dia, no entanto, Bolsonaro estava em Brasília e participou de duas votações no plenário da Câmara.
O Ministério Público do Rio apresentou um áudio da portaria em que a liberação da entrada é feita, via sistema de comunicação, por alguém da casa 65/66, de Lessa. A voz que atende à ligação seria dele, não de Bolsonaro. Com base no áudio, cuja análise, feita em menos de três horas, foi questionada, promotoras que investigam o caso sustentaram que ;o porteiro havia mentido;.
A Veja também localizou o porteiro cuja voz aparece no áudio. Trata-se de outro funcionário do condomínio, que também deve ser chamado a depor.
Lessa e Élcio foram presos em março passado e denunciados pelos homicídios de Marielle e do motorista Anderson Gomes. Eles negam o crime, mas o registro do encontro dos dois no dia do crime ; que eles depois admitiram ; é considerada uma prova importante no processo.