Jornal Correio Braziliense

Brasil

Sem esgoto, mas com internet


Pouco mais de um terço dos brasileiros vive em domicílios sem coleta de esgoto sanitário. O quadro, praticamente inalterado nos últimos anos, é pior no Norte e Nordeste. São 74,156 milhões de brasileiros, ou 35,7% da população total, vivendo nessas condições, mostra a SIS. Apesar da mazela, o acesso à internet, já disponível para 166 milhões de brasileiros, segue crescendo rapidamente.

Do total de pessoas vivendo em casas sem esgoto, 63%, ou 46,526 milhões, moram no Norte ou no Nordeste. No Norte, 79,3% dos habitantes moram em domicílios sem esgoto sanitário. No Nordeste, a proporção da população local vivendo nessas condições é de 57,1%. O quadro mudou pouco nos últimos anos porque a proporção de pessoas em casa sem coleta de esgoto em 2016 era de 36,3%.

Segundo Fernando Garcia de Freitas, pesquisador do Instituto Trata Brasil, faltaram investimentos nas últimas décadas.

Mesmo sem coleta de esgoto em casa, as famílias brasileiras possuem bens como geladeira e telefones. Em 2018, a geladeira estava presente no domicílio de 98,3% dos brasileiros, enquanto 96,0% residiam em domicílios com pelo menos um telefone, fixo ou celular. A disseminação dos celulares leva a internet para a maioria da população: 79,9% dos brasileiros vivem em lares com internet, fixa ou móvel. Mesmo na população vivendo abaixo da linha de pobreza, 65,9% têm internet em casa, seja móvel ou fixa, segundo o IBGE.

O total de miseráveis vem crescendo desde 2015. Em 2014, 4,5% dos brasileiros viviam abaixo da linha de extrema pobreza; em 2018, esse percentual subiu ao recorde de 6,5%; em quatro anos de piora, mais 4,504 milhões de brasileiros passaram a viver na miséria. Mesmo que o PIB cresça, em média, 2,5% ao ano até 2030 sem que haja concentração de renda ao longo do caminho, o país ainda terá ao fim da próxima década o mesmo contingente de miseráveis que tinha em 2014, calculou Marcelo Neri, diretor da FGV Social.

;Isso mostra a importância de fazer inclusão produtiva dos mais pobres. Porque só o crescimento econômico não vai zerar a pobreza extrema;, alertou.