O governo dos Estados Unidos notificou a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta segunda-feira, 4, sobre a saída de Washington do Acordo de Paris, pacto global para conter o avanço das mudanças climáticas. Esse é o primeiro passo formal do processo, que leva um ano.
A decisão de abandonar o tratado, ratificado por 195 países, já havia sido anunciada em 2017 pelo presidente Donald Trump e foi confirmada pelo secretário de Estado, Mike Pompeo, nesta segunda.
Os Estados Unidos, maiores emissores de gases-estufa do planeta, podem se tornar o primeiro país a sair do tratado. Pelos termos do documento, a saída do Acordo de Paris seria possível apenas três anos após o tratado entrar em vigor. Embora o pacto tenha sido firmado em 2015, ele passou a valer apenas no ano seguinte.
"O presidente Trump tomou a decisão de sair do Acordo de Paris por causa da carga econômica injusta imposta aos trabalhadores, às empresas e aos contribuintes americanos por promessas dos Estados Unidos feitas em virtude do acordo", defendeu Pompeo. A decisão é alvo de críticas das comunidades científica e ambientalista.
Antecessor de Trump, o ex-presidente Barack Obama assinou o acordo prometendo um corte de 26% nas emissões dos Estados Unidos até 2025, tomando referência os níveis de 2005. Na campanha presidencial, em 2016, Trump prometeu não seguir essa promessa e negou os efeitos do aquecimento global.
Governo Bolsonaro desconfia de aquecimento global, mas diz que ficará no tratado
A próxima Cúpula do Clima será realizada em Madri entre 2 e 13 de dezembro, após a desistência de Santiago em receber o evento em meio à onda de protestos nas ruas. Antes, a previsão era de que a conferência fosse realizada no Brasil, mas o governo federal desistiu a pedido do presidente Jair Bolsonaro.
Bolsonaro e seu ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, são críticos à pressão internacional por ações contra as mudanças climáticas e já questionaram a real existência do aquecimento global. Ainda em janeiro, porém, o presidente disse que, "por ora", o Brasil iria permanecer no Acordo de Paris.
A ideia de abandonar o tratado preocupa ambientalistas e cientistas. Essa possibilidade também deixou em alerta o setor agropecuário, que teme retaliações de parceiros econômicos, como a União Europeia, caso haja afrouxamento dos compromissos ambientais. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS