Jornal Correio Braziliense

Brasil

Palmeiras plantadas na década de 1960 no Rio dão flores pela primeira vez

Um raríssimo espetáculo da natureza está em exibição, simultaneamente, em dois pontos da cidade do Rio: no Aterro do Flamengo, na zona sul, e no Sítio Roberto Burle Marx, em Barra de Guaratiba, zona oeste. Palmeiras plantadas na década de 1960 pelo pioneiro do paisagismo brasileiro estão dando flores pela primeira e única vez em sua existência. A florada poderá ser vista até o início do ano que vem, quando as árvores morrerão. A Palmeira Talipot (Corypha umbraculifera) é nativa do sul da Índia e do Sri Lanka. Ela pode chegar a 30 metros de altura e tem folhas de até cinco metros de diâmetro. Mas o que chama mais atenção na planta é a sua inflorescência (a parte onde se localizam as flores), considerada a maior dentre todas as espécies conhecidas do mundo. São milhares de minúsculas florzinhas em tons de amarelo que surgem apenas uma vez, normalmente quando a palmeira tem de 40 a 70 anos de idade. "Isso depende do local do plantio, do clima, do solo e da insolação", explica o biólogo e paisagista Marlon da Costa Souza, chefe da divisão técnica do sítio Roberto Burle Marx. "Em seu local de origem, ela costuma florescer aos 70 anos, mas, aqui no Brasil, a floração ocorre mais cedo." As mudas de Talipot foram trazidas ao Brasil e plantadas no Aterro e no sítio pelo próprio Burle Marx. Alguns outros exemplares já tinham florescido no sítio e no Aterro há cerca de 20 anos. "Quando cheguei ao Rio pela primeira vez, todas essas árvores do Aterro estavam sendo plantadas", conta o advogado Austrógio Vieira, de 72 anos, que se mudou para a cidade no mesmo ano da inauguração do parque, em 1965, e na manhã desta segunda-feira, 21, fazia fotos das palmeiras. "Vim aqui fazer uma foto delas para guardar e mostrar para os meu netos; elas são lindas, maravilhosas mesmo." Todo o processo de florescer, frutificar e maturar leva cerca de um ano. "Como ela só floresce uma vez na vida, a sua estratégia de sobrevivência é que praticamente todos os seus frutos são viáveis", afirma Souza. Quando todos os frutos finalmente tiverem caído no chão - o que deve acontecer até maio de 2020 - a palmeira definha até a morte. Os frutos, no entanto, tendem todos a gerar novas palmeiras, renovando o ciclo da natureza.