Mais uma mobilização nacional em defesa da educação paralisou as atividades de algumas universidades e institutos federais do país ontem. A greve, que continua hoje com atos em cidades espalhadas pelas cinco regiões do Brasil, tem como objetivo defender os recursos para a educação e estabelecer um diálogo com a sociedade sobre o papel das universidades. De acordo com a União Nacional dos Estudantes (UNE), esta é a sétima mobilização a favor da educação que acontece em 2019.
;O início de toda essa mobilização vem lá de maio, quando foram anunciados os cortes de orçamento. Até hoje as universidades sofrem com a falta desses recursos. Por mais que o governo libere parte desse valor, ainda não é suficiente;, afirmou Iago Montalvão, presidente da UNE. Ele se referia ao desbloqueio de R$ 1,9 bilhão de recursos do Ministério da Educação anunciado no início da semana.
O recurso descontingenciado foi dividido entre algumas áreas, entre elas o ensino superior, que ficou com a maior parte dos recursos liberados. As universidades que foram atingidas pelo corte em abril receberam cerca de 58% do total, o que representa R$ 1,156 bilhão. ;Os movimentos nas ruas geraram uma certa pressão para que o governo não se sinta à vontade para continuar com os cortes;, avalia Montalvão.
Ele afirma que o movimento também ocorre devido à preocupação com o próximo ano. A pasta da Educação sofreu dois contingenciamentos de verbas este ano. O primeiro em abril, quando R$ 5,8 bilhões foram congelados, e em julho, quando houve corte de R$ 348,47 milhões.
Além disso, a aproximação das universidades com a população também é um dos propósitos do movimento. ;Queremos desmentir o que o governo falou sobre as universidades e a balbúrdia que acontece dentro das mesmas;, disse. Para Montalvão, o discurso do ministro da Educação, Abraham Weintraub, impulsionou e intensificou os movimentos. ;Ao proferir ataques e justificar os cortes, estudantes, pesquisadores e professores se sentiram ofendidos porque são parte dessa comunidade acadêmica;, disse.
No Distrito Federal, os professores da Universidade de Brasília (UnB) adotaram a greve. ;O MEC tem a função de coordenar e dirigir políticas amplas de educação. O que temos hoje é um ataque sistemático aos professores universitários das federais. O ministro faz um desserviço à educação pública, despreza as universidades, pois não tem capacidade e conhecimento da importância e qualidade das universidades públicas federais;, disse Luis Pasquetti, presidente da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB).
Uma das atividades promovidas na capital foi um debate na Câmara dos Deputados. Catarina de Almeida Santos, professora da UnB e Coordenadora do Comitê DF da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, explicou que o objetivo é abrir espaço para o debate com o Legislativo também sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), que, segundo ele, ;precisa ser aprovado e institucionalizado com maior participação da União;.
Hoje, segundo dia de paralisação, as entidades esperam atos nas ruas de diversos estados, com atividades programadas em 28 cidades. No DF, os professores farão um ato na Rodoviária do Plano Piloto e no aeroporto, com a exibição de projetos de pesquisa e extensão feitos pela Universidade.
*Estagiária sob a supervisão
de Cláudia Dianni