Jornal Correio Braziliense

Brasil

Às vésperas da cúpula da ONU, estudantes saem em defesa do clima

Estudantes fazem manifestações em mais de 40 cidades brasileiras para reivindicar maior comprometimento do governo com a preservação na natureza. Atos fazem parte de movimento global para aumentar a consciência da população sobre as mudanças climáticas

Às vésperas da Cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU), que acontece na próxima segunda-feira, em Nova York, estudantes de mais de 40 cidades brasileiras foram às ruas na tarde desta sexta-feira (20/9) para a Greve Geral pelo Clima. O movimento é parte de uma movimentação global para exigir dos governos mais ações para a preservação do meio ambiente e evitar o aquecimento global. Em Brasília, os manifestantes se concentraram na Rodoviária do Plano Piloto e seguiram em marcha até o Ministério do Meio Ambiente.

Atos com o mesmo objetivo ocorreram em outras cidades do país. Em São Paulo, os manifestantes se reuniram em frente ao Museu de Arte Moderna e marcharam pela Avenida Paulista com cartazes e gritos pelo meio ambiente. Em Belém, estudantes reunidos próximo à Estação das Docas mostraram para as pessoas como o desmatamento afeta os animais da Amazônia.

Na capital, com a maioria dos cartazes feitos com materiais recicláveis, a marcha de protagonismo dos jovens também contou com a presença de outros grupos de ativismo, como índios e comunidade vegana.

Apelidadas de Fridays for Future (sextas-feiras pelo futuro), as manifestações tiveram início no ano passado quando a estudante sueca Greta Thunberg, de 16 anos, passou a faltar às aulas nas sextas-feiras para protestar em favor de mais ações relacionadas às mudanças do clima.

A líder do movimento Jovens pelo Clima DF, Nina Abers, 17 anos, é moradora da Asa Norte e estudante de uma escola particular da Asa Sul. Ela contou que a iniciativa partiu dela, e que resolveu mobilizar amigos pelas redes sociais para se unirem ao movimento encabeçado por Greta, na Suécia.

Nina disse que o primeiro ato, realizado ainda no começo do ano, foi tímido e contou com aproximadamente 25 pessoas. Hoje o movimento brasiliense conta com mais de 4 mil seguidores nas redes sociais. A jovem disse que tem o apoio da família, o que não ocorre com muitas outras pessoas. ;Essa é a quarta manifestação, e já estamos grandes. Não temos apoio da escola e a maioria dos pais é contra faltar a um dia de aula para fazermos esse trabalho. Somos um movimento independente porque isso é muito importante para o nosso futuro. Desde que começou, já fomos convidados, inclusive, para reuniões com parlamentares;.

Parceira no ativismo de Nina, Helena Marques, 17 anos, que estuda na mesma escola, disse que apoiou a iniciativa da amiga e que deseja se graduar em ecologia. Ela contou que, além dos contatos nas redes sociais, mobilizou colegas e amigos próximos. ;Hoje, estamos aqui porque trabalhamos muito para incentivar as pessoas;, disse.

Grupos

Outro grupo que marcou presença na manifestação foi o dos veganos. A líder do Grupo de Estudos sobre Direitos Animais e Interseccionalidades (Gedai), da UnB, Vanessa Negrini, destacou a importância da discussão para defender os animais. ;É uma questão de direitos humanos. Para consumir carne é preciso desmatar uma área muito grande, que poderia ser usada para plantio, oferecendo alimentação vegana a muitas pessoas, sem destruir e com muito mais retorno. Além disso, a pecuária consome a maior parte de água do planeta. Podemos viver sem carne, mas e sem água?;, questionou.

Grupos indígenas também marcaram presença. A índia Airy do povo Gavião, de Marabá (PA), apontou a necessidade da união de todos os movimentos para proteger os biomas, faunas e floras brasileiras. ;Dependemos da mãe Terra e devemos ser resistência todos juntos;, disse.

*Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo