O incêndio ocorrido no Hospital Badim, no bairro do Maracanã, no Rio de Janeiro, provocou a morte de 11 pessoas ; nove mulheres e dois homens, segundo a direção do estabelecimento. As vítimas eram idosas e morreram em consequência da inalação de fumaça ou por causa do desligamento dos aparelhos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Na noite de quinta-feira, o fogo começou no gerador de um dos dois edifícios do complexo médico, provavelmente devido a um curto-circuito.
O diretor do hospital, Fabio Santoro, afirmou que 103 pacientes estavam no prédio no momento da tragédia. Desses, 77 continuam internados em outras instituições médicas da cidade e 14 foram levados para casa. A instituição, que pertence à Rede d;Or, divulgou nota, informando que ;mais de 100 médicos foram mobilizados para dar socorro às vítimas;.
Os primeiros atendimentos, na noite de quinta-feira, foram feitos na rua ; em colchonetes e lençóis colocados no asfalto ; e em uma creche que fica ao lado do hospital. Os pacientes da UTI tiveram que ser retirados às pressas. Três cirurgias estavam em andamento na hora do fogo e tiveram que ser interrompidas. Funcionários e acompanhantes dos internos também foram atendidos.
Durante várias horas, o caos tomou conta do lugar. Uma densa coluna de fumaça preta subia pela lateral de um dos prédios, enquanto enfermeiras, médicos e voluntários corriam para retirar os pacientes do local. Teresa Dias, de 58 anos, estava no terceiro andar de um dos prédios novos do hospital, onde seu pai estava internado.
;O médico entrou pedindo que a gente evacuasse o mais rápido possível, porque tinha um incêndio;, relatou. ;Puseram meu pai em uma cadeira e o amarraram para evitar o risco de que caísse. E vários homens o levaram pelas escadas;, assim como ;muitos pacientes;, afirmou Teresa. ;A atenção para retirada foi muito rápida;, completou, acrescentando que viu ;muita fumaça;, quando chegou à rua.
As ambulâncias abriam caminho entre a equipe médica e a multidão de curiosos e parentes dos internos para transferir os pacientes para outras instituições. ;O vidro caindo parecia tiro. Pensei que fosse assalto. E, quando ouvi todo mundo gritar, desci para ver o que estava acontecendo. Vi muita fumaça e ouvi gritos muito altos. Os bombeiros chegaram rapidinho;, descreveu Terezinha Machado, uma vizinha de 76 anos. As chamas foram controladas depois das 20h. Às duas horas da madrugada de ontem, os bombeiros começaram a retirar os primeiros corpos.
O delegado Roberto Ramos disse que foram recuperadas gravações com imagens de câmeras do circuito interno para determinar a origem do fogo. A Defesa Civil isolou o local e aguarda a perícia policial para realizar a vistoria do prédio, mas já inspecionou residências próximas ao hospital. A polícia acredita que ainda é cedo para determinar com exatidão as causas do incêndio. Segundo os bombeiros, o hospital tinha os certificados de segurança expedidos pela própria corporação.
Apesar disso, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, afirmou que pode se tratar de ato criminoso. Segundo ele, todos os equipamentos anti-incêndio estavam em conformidade na unidade hospitalar. Na avaliação dele, pode ter sido ato criminoso. ;O laudo (da polícia e dos bombeiros) vai dizer se houve alguma ação criminosa. Gostaríamos que (o incêndio) tivesse sido evitado;, afirmou. Crivella decretou luto oficial de três dias no município.
* Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo
- Sequência de fogo
Este é o terceiro incêndio de grandes proporções na cidade do Rio de Janeiro em um ano. Em 8 de fevereiro passado, o centro de treinamento do Flamengo pegou fogo. Dez adolescentes morreram. Em setembro de 2018, o Museu Nacional do Rio foi arrasado pelas chamas. Ambos os incêndios foram causados por curto-circuitos no ar-condicionado.