O Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, mantém em seus galpões uma frota de 377 carros inutilizados que, mesmo assim, continua a registrar gastos com combustível e manutenção. A estimativa é de uma despesa anual de R$ 39 milhões com os veículos sucateados.
A reportagem esteve em um dos maiores galpões, localizado às margens do Rio Amazonas, em Santarém, no Pará. Lá, encontrou carros e caminhonetes empoeirados, em que mal é possível enxergar os adesivos do ICMBio nas portas. O gasto com a frota sucateada foi identificado por uma auditoria interna realizada no ICMBio. O Estado de S. Paulo teve acesso ao trabalho que está em andamento e foi encomendado pelo Ministério do Meio Ambiente.
Os dados apontam que, hoje, o ICMBio tem mais carros do que servidores públicos. São 1.538 funcionários em seu quadro em todo o País, enquanto a frota total cadastrada é de 1.986 veículos. Parte desse patrimônio é de caminhonetes, usadas para o trabalho de campo de fiscais do órgão. Muitos veículos estão abandonados há anos.
Dos quase 2 mil veículos, 40% - o equivalente a 800 carros - estão inoperantes ou subutilizados. DesSes, 377 não funcionam. Ainda assim, seus registros apontam cobranças regulares de consumo de combustível e de manutenção, conforme a auditoria. Cada carro do ICMBio tem um cartão de combustível e um de manutenção. Investigações indicam que esses cartões não foram anulados e continuam a dar custos ao órgão. A suspeita de integrantes do ministério é de que essa utilização possa estar associada a um suposto desvio de recursos.
O ICMBio não comenta o assunto. O Estadão apurou que o Ministério do Meio Ambiente enviou as constatações para a controladoria do órgão ambiental, que tem a missão de fiscalizar 334 unidades de conservação federal do País. Questionado, o ministro Ricardo Salles confirmou as informações, mas disse que aguarda desdobramentos da controladoria.
Orçamento
O ICMBio, assim como o Ibama, teve parte de seus recursos contingenciados neste ano. Já o orçamento para 2020 divulgado pelo governo para toda a pasta é de R$ 561,6 milhões, queda de R$ 71,9 milhões (12%) em relação ao limite de gastos liberados para este ano. Como o Estado mostrou ontem, a pasta pretende cortar custos administrativos que envolvem desde serviços de faxina em seus escritórios até o aluguel de prédios ocupados por servidores para se adaptar ao orçamento enxuto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.