O presidente Jair Bolsonaro criticou ontem o presidente da Bolívia, Evo Morales, pouco depois de participar, por videoconferência, de reunião de representeantes de sete países que compartilham a Amazônia. ;Agora há pouco, na conferência vi que tinha um presidente, ali, que não estava muito a favor das propostas dos demais. Parece que não estava integrado a nós;, disse Bolsonaro, referindo-se a Evo, sem citá-lo nominalmente. ;Ele disse que o capitalismo está destruindo a Amazônia. Como se no país dele não tivesse ocorrido as maiores queimadas;, acrescentou o presidente.
As declarações foram feitas em evento no Palácio do Planalto. A reunião a que Bolsonaro se referia reuniu representantes de sete dos nove países amazônicos ; Brasil, Colômbia, Peru, Equador, Bolívia, Guiana e Suriname ; na cidade colombiana de Letícia. A iniciativa foi do presidente da Colômbia, Iván Duque, e do Peru, Martín Vizcarra, com o objetivo de discutir medidas de proteção à floresta, afetada por uma onda de queimadas. Por recomendação médica, já que deve se submeter a cirurgia amanhã, o presidente Jair Bolsonaro não compareceu, tendo sido representado pelo chanceler Ernesto Araújo.
No encontro, os mandatários se comprometeram a adotar medidas conjuntas para proteger o meio ambiente da região e enfrentar as causas do desmatamento, como a extensão ilegal da fronteira agrícola e a exploração irregular de minerais. A pedido de Bolsonaro, o comunicado conjunto afirma ;os direitos soberanos dos países da região amazônica sobre seus territórios e seus recursos naturais;. ;Temos de tomar posição firme de defesa da nossa soberania, para que cada país possa, dentro da sua terra, desenvolver a melhor política para a região amazônica;, disse o presidente brasileiro, na mensagem enviada aos demais líderes.
Bolsonaro afirmou que as críticas contra sua gestão da crise ambiental ; disparadas principalmente pelo presidente francês, Emmanuel Macron ; vêm de ;pessoas de outro mundo que, verdadeiramente, querem se apropriar; das riquezas da Amazônia. ;O presidente da França se precipitou, mas um plano para tornar esta grande área um patrimônio mundial ainda continua no tabuleiro do jogo.;
Na reunião, o presidente boliviano, Evo Morales, disse que ;a mãe Terra está em risco de morte; pela mudança climática, pelas afetações às fontes hídricas e pelo consumismo excessivo. Morales também questionou que Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, não tenha sido convidado à cúpula por diferenças ideológicas com os demais países participantes. Foram esses dois pontos que motivaram as críticas de Bolsonaro, que sempre manteve boas relações com Morales.
;Esse presidente saudando o socialismo e dizendo que faltava um presidente ali (Maduro), que eu vetei. Um presidente que estava maduro demais, por isso que eu vetei;, declarou o capitão reformado. Os signatários do Pacto de Letícia voltarão a se reunir na Conferência da ONU sobre a Mudança Climática que será realizada em Santiago do Chile, em dezembro.