Após ter determinado que livro Vingadores A cruzada das crianças fosse recolhido da Bienal por supostamente conter imagens "impróprias" para crianças, a prefeitura do Rio de Janeiro determinou que funcionários da Secretaria Municipal da Ordem Pública (Seop) fossem à Bienal fazer vistorias em materiais do evento. A informação é do jornal O Globo.
De acordo com a Seop, a vistoria está em busca de "material pornográfico". "Se o material não tiver seguindo recomendações, ele será recolhido. Estamos seguindo a orientação da procuradoria da prefeitura. Eu não entendo que haja censura", disse o subsecretário operacional da Seop, Wolney Dias, à imprensa presente.
Na ultima quinta-feira (5/9), a prefeitura do Rio notificou, por intermédio da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop), a organização da Bienal do Livro a "adequar as obras expostas na feira" aos artigos 74 e 80 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A justificativa é de que a legislação determina que publicações com cenas impróprias a menores de idade sejam comercializados com lacre, com a devida advertência de classificação indicativa.
A confusão começou por causa de uma HQ da Marvel, Vingadores A Cruzada das crianças, que mostra, em uma página dentro do livro, um desenho de um casal de homens se beijando. Crivella determinou que o livro fosse recolhido do evento, mas a HQ se esgotou nesta sexta-feira (6/9).
O Correio já entrou em contato com a Seop, mas até a publicação desta matéria, não teve retorno.
Repercussão
A vistoria foi repudiada por editoras participantes do evento. Pelo Instagram, a editora Galera Record informou que a Secretaria de Educação passou no estande da editora na Bienal e exigiu que todos os livros com conteúdos LGBTQS fossem lacrados e sinalizados como livros com conteúdo impróprio. "A Galera Record repudia qualquer tipo de censura e reitera a importância da representatividade na literatura jovem como forma de combate ao preconceito", disse em nota a editora.
A Kinoruss Edições e Cultura também disse repudiar "todo e qualquer ato de censura praticado pelas autoridades do Rio de Janeiro na Bienal do Rio 2019 a obras com temática LGBT".
Pelo Twitter, a Livraria Leonardo da Vinci também informou que sobre a ação da Seop. Em protesto, a Livraria expôs no estante o livro 120 dias em Sodoma.
A Editora Draco também repudiou "a censura imposta pelas autoridades". "Nós sempre publicamos obras e autores diversos e nunca vamos deixar de fazê-lo", garantiu. Em protesto, eles informaram um desconto em livros com a temática LGBTQ.
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