O presidente Jair Bolsonaro usou a reunião com governadores da Amazônia Legal para criticar as demarcações de terras indígenas e disse que o encontro mostra ao mundo onde o País chegou com uma política ambiental que, no seu ponto de vista, não foi usada de forma racional. "A Amazônia foi usada politicamente no passado. (...) Foi uma irresponsabilidade política do passado, usando índio como massa de manobra", disse.
Bolsonaro afirmou também que a defesa da internacionalização da região feita pelo presidente da França, Emmanuel Macron, é uma "realidade na cabeça dele" e pediu união para garantir a soberania brasileira.
O presidente estimulou o debate sobre a exploração mineral em terras indígenas. Os governadores que haviam falado até a publicação desta matéria concordaram com Bolsonaro no sentido de que é preciso haver formas de estimular a produção nessas terras. Já falaram os representantes do Amazonas, Acre, Roraima, Rondônia e Tocantins.
O governador de Roraima, Antonio Denarium, afirmou que o Estado tem sido penalizado nos últimos 30 anos por políticas indigenistas e ambientais. Ele disse ainda que 95% da vegetação nativa de Roraima está preservada, mas pediu ajuda ao governo federal para conseguir fiscalizar e combater ações ilegais.
"É difícil fazer fiscalização sem saber quem é o verdadeiro dono da terra. Temos que fazer o ordenamento territorial do nosso Estado e temos que aprender a separar os bons dos ruins. Hoje o Ibama chega e multa todo mundo sem direito de defesa", disse Denarium. O governador pediu ainda que a União ajude na formação de brigadistas locais.
Bolsonaro questionou Denarium sobre os motivos que levaram às demarcações de terras indígenas em seu Estado. O governador respondeu que isso é "fruto de uma política indigenista". "Roraima não é porção de terra mais rica do Brasil, mas do mundo. E as terras indígenas e as ONGs estão concentradas justamente nessas áreas", disse.
Na conversa com os gestores estaduais, o presidente tem perguntado quanto do território de cada Estado está "inviabilizado" por terras protegidas e disse que muitas das reservas indígenas "têm aspecto estratégico que alguém programou".
"Índio não faz lobby e consegue ter 14% do território nacional demarcado", disse Bolsonaro. Ele disse que existem hoje 498 novos pedidos de demarcação de terras indígenas no Ministério da Justiça. "Estamos mostrando para o mundo onde estamos chegando com essa política ambiental que não foi usada de forma racional", disse.