O governador do Acre, Gladson Cameli (PP), começou a pedir ajuda a países sul-americanos para o combate às queimadas na Amazônia. Ele mandou ofícios a embaixadas e gabinetes de presidentes, entre eles o de Maurício Macri, da Argentina, a quem solicitou o empréstimo de um avião hidrante que integra o sistema nacional de combate ao fogo do país vizinho.
Hoje, a Secretaria de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Nação Argentina ofereceu ajuda aos governos do Brasil e da Bolívia, num esforço externo de luta contra as mudanças climáticas e pela conservação da biodiversidade, compromisso assumido no Acordo de Paris, informou o governo Macri.
Países europeus, como Irlanda e França, ameaçaram bloquear o Acordo do Mercosul com a União Europeia por causa do avanço das queimadas florestais na Amazônia, alegando que o Brasil descumpriu compromissos assumidos. O acordo entre os blocos é um trunfo da política externa alinhada de Macri e Bolsonaro. Há temor de prejuízo ao agronegócio sul-americano diante do lobby dos produtores rurais europeus.
A dica de pedir o avião, segundo o governador, veio da Casa Civil da Presidência da República. "A Argentina tem uma aeronave que tem o papel de bombeiro, quem comentou comigo foi a equipe do presidente. Se conseguirem mandar para nós, tanto para Acre, Amazonas e Rondônia, vai ser de extrema importância, vai facilitar nosso trabalho", disse Cameli.
Cameli disse que vai tratar de ajuda e da situação das florestas com o presidente peruano, Martín Vizcarra, em audiência no dia 3 de setembro e que não descarta nem auxílio oferecido pelo regime chavista de Nicolás Maduro, na Venezuela. "Eu aceito tudo que venha de benefício para que a gente possa coibir essa situação de nossas florestas, o céu será o limite".
Cameli disse que não falou ainda com o presidente Jair Bolsonaro, mas que tem mantido conversas com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Ele disse que "não interpretou mal" o presidente, mas que Bolsonaro se equivocou ao criticar o empenho dos governadores do Norte nos esforços para apagar os incêndios florestais. "Foi o calor do dia a dia, no stress que ele cometeu aquele equívoco", afirmou à reportagem.
Nos bastidores, os governadores haviam ficado incomodados com a declaração de Bolsonaro, segundo quem havia "conivência" deles para "jogar a culpa" dos incêndios no governo federal. Ao longo do dia, eles conversaram entre si por telefone, no âmbito do consórcio formado, e avaliaram politicamente a decisão de aceitar a decretação de Garantia da Lei e da Ordem, por Bolsonaro, para o envio de militares das Forças Armadas.
Na prática, porém, cada Estado terá de enviar uma solicitação por escrito à Presidência. Partidário de Bolsonaro, o governador de Roraima, Antônio Denariun (PSL), se antecipou e foi o único a ir ao Planalto e negociar pessoalmente com o presidente o decreto. Segundo assessores dele, Denariun fez um gesto para trazer junto os demais governadores, já que Roraima está em período de chuvas e não tem uma das situações mais graves.