[FOTO1434875]Manifestantes se concentraram em frente à Biblioteca Nacional de Brasília, no início da manhã desta terça-feira (13/8), antes de fazer uma passeata em direção ao Congresso Nacional e o Palácio do Planalto. O grupo aguarda a chegada das mulheres indígenas para começar a caminhada e o trânsito na Esplanada dos Ministérios segue liberado.
O grupo que se concentra no complexo cultural da República é composto, em sua maioria, de estudantes e professores de escolas e universidades públicas, mas, também, por grupos contrários à reforma da Previdência. Além de balões da Central Única dos Trabalhadores (CUT), do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação(CNTE), faixas com dizeres contra Bolsonaro, pela liberdade do ex-presidente Lula e com manifestações contra a reforma da Previdência se espalham pela região.
Vindas de ônibus do Ceará, as amigas Sarah Evelyn Alves Pinheiro, 21 anos, Pâmela Layla Barbosa, 16, Clara Andrade, 17, e Livian Mendes Silva, 25, acompanharão tanto as manifestações pela educação quanto a Marcha das Margaridas, que acontece nesta quarta-feira (14/8).
"A gente veio para reivindicar nossos direitos como mulheres e a favor da educação pública de qualidade. Como professora em formação, só vejo direitos sendo retirados", afirmou Sarah, que é estudante de licenciatura em teatro no Instituto Federal do Ceará. "Não é a primeira viagem longa que faço para participar de manifestações e, rodas que fiz até agora valeram à pena. Estamos nas ruas, ocupando espaços, como mulheres, estudantes, nordestinas. Boa parte do país não nos enxerga como deveria. Somos o povo mais forte e inteligente do país", destacou Livian, colega de Sarah no IFCE.
A marcha das mulheres indígenas chegou à altura do complexo cultural da República aos gritos de "a Amazônia é nossa, acorda Brasil" e "não à mineração".
Conselheira da Associação Indígena da Aldeia Maracanã, Luakan Anambé, da etnia Anambé, do Pará, falou sobre a importância da marcha das mulheres indígenas. Segundo a liderança, a intenção é dar voz aos grupos de mulheres indígenas e chamar atenção para o genocídio dos povos. "Fizemos uma viagem maravilhosa. A primeira marcha ocorre para termos visibilidade, voz e fala. A mulher indígena é muito discriminada e temos que chamar a atenção dad mulheres do contexto urbano para a nossa situação", disse.
Luakan explica que o preconceito e violência contra mulheres indígenas é antigo. "Desde a invasão do homem branco que viemos perdendo a visibilidade. Tem um genocídio acontecendo no nosso meio. Com o novo governo, nossos caciques estão morrendo. E eles são uma força grande. Quando morrem, você desarticula o resto da comunidade. Perdemos parte da cultura, do dialeto, da nossa língua", lamenta.
"Os caciques são nossos educadores. Ensinam nossa cultura aos nossos curumins. Nós não estamos defendendo a natureza. Nós somos a natureza", completa.
Trânsito
O trânsito na Esplanada dos Ministérios chegou a ser fechado, mas em seguida, policiais militares pediram a desocupação de três faixas da direita da pista no sentido Congresso. Apesar disso, os manifestantes que se concentram nos arredores da Biblioteca Nacional aumentou e eles também ocupam a via S1, impedindo a liberação, ao menos temporariamente.
As manifestantes indígenas, de diversas etnias, levam faixas contra o presidente da República, Jair Bolsonaro e pela Amazônia. A Polícia Militar faz um cordão de isolamento e o grupo ocupa as duas faixas da direita da via.