Um dos líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), interceptado pela Polícia Federal, disse que a facção criminosa mantinha um ;diálogo cabuloso; com o Partido dos Trabalhadores (PT), conforme documentos obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo. Em ligações telefônicas captadas pela Operação Cravada, em abril deste ano, o líder também fez críticas ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.
Em um dos trechos das conversas interceptadas, Alexsandro Roberto Pereira, conhecido como Elias, apontado pela investigação como tesoureiro da facção, critica as primeiras medidas do governo Bolsonaro em relação à segurança pública. ;Os caras já começou o mandato mexendo com nóis, irmão. Já mexendo diretamente com a cúpula, irmão.; Em seguida, Elias faz críticas ao ministro Sérgio Moro e reclama da ausência de diálogo. ;Com nóis já não tem diálogo, não, mano. (...) Esse Moro aí, esse cara é um filha da p***, mano. Ele veio pra atrasar;, disse.
Após as críticas ao governo, o criminoso afirma que havia diálogo com o PT, em governos anteriores. ;Ele começou a atrasar quando foi pra cima do PT. Pra você ver, o PT com nóis tinha diálogo. O PT tinha diálogo com nóis cabuloso, mano, porque; situação que nem dá pra nóis ficar conversado a caminhada aqui pelo telefone, mano. Mas o PT, ele tinha uma linha de diálogo com nois cabulosa, mano;, disse Elias. A conversa interceptada teria sido com André Luiz de Oliveira, conhecido como Salim.
No relatório sobre as interceptações, a PF menciona a relação da facção com agremiações políticas. ;Foram encontrados indicativos de vínculos da Orcrim PCC com partidos políticos, o que, neste momento, não está dentro dos objetivos da investigação e, semelhante à questão de corrupção de agentes públicos, temos a necessidade de encerrar a chamada fase sigilosa da investigação;, diz o documento
Em nota, o PT afirmou que é vítima de uma ;armação; e criticou Moro. ;Esta é mais uma armação como tantas outras forjadas contra o PT, e vem no momento em que a Polícia Federal está subordinada a um ministro acuado pela revelação de suas condutas criminosas. Quem dialogou e fez transações milionárias com criminosos confessos não foi o PT, foi o ex-juiz Sérgio Moro, para montar uma farsa judicial contra o ex-presidente Lula com delações mentirosas e sem provas. É Moro que deve se explicar à Justiça e ao país pelas graves acusações que pesam contra ele;, diz a nota do partido.