Brasil

Novo programa não garante permanência de médicos cubanos no Brasil

''Médicos pelo Brasil'' tem 18 mil vagas e oferece salários que podem chegar a R$ 31 mil para profissionais que se disponham a trabalhar em localidades desassistidas. Prioridade é o atendimento às regiões Norte e Nordeste

Rodolfo Costa , Ingrid Soares
postado em 02/08/2019 06:00
Programa lançado nesta quarta-feira (31/7) é uma reformulação do Mais Médicos, da administração petista, mas permanência de cubanos não está garantidaO governo lançou nesta quarta-feira (31/7), por medida provisória, o ;Médicos pelo Brasil;, uma reformulação do programa ;Mais Médicos;, criado pela então presidente Dilma Rousseff (PT). O objetivo é o mesmo: possibilitar atendimento em locais de difícil acesso ou alta vulnerabilidade. Mas o novo programa prevê maiores salários para os profissionais que optarem por trabalhar em locais remotos. O primeiro nível salarial pode chegar a R$ 21 mil e, gradativamente, até a R$ 31 mil, considerando acréscimos e gratificações.

Ao todo, estão previstas 18 mil vagas em 13 mil municípios. Segundo o governo, a estratégia ampliará em cerca de 7 mil a oferta de médicos, sendo que as regiões Norte e Nordeste são prioritárias, com 55% do total das vagas. A MP visa ainda intensificar a formação de médicos especialistas em medicina de família e comunidade, na atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS).

Nos dois primeiros anos no programa, os profissionais realizarão curso de especialização, recebendo bolsa de formação de R$ 12 mil mensais líquidos, com gratificação de R$ 3 mil se atuarem em locais remotos, e R$ 6 mil adicionais para localidades indígenas, além de ribeirinhas e fluviais.

É requisito que os médicos tenham registro em Conselho Regional de Medicina, além do curso de formação inicial. Ao fim do curso, o médico realizará prova para obter o título de especialista em medicina de família e comunidade. Apenas os aprovados serão contratados, sob o regime da CLT.

Ainda está indefinida a situação dos cubanos que participam do Mais Médicos. O ministro da Saúde, Luiz Mandetta, afirmou que os profissionais que ficaram no país e garantiram o visto permanente estavam em total desamparo e que, em alguns casos, não conseguiram fazer a revalidação dos diplomas. ;Neste texto, não há nada que trate da revalidação, nem para esses médicos, nem para os milhares de brasileiros que foram fazer medicina no Paraguai e na Bolívia. O assunto está sendo analisado pelo Ministério da Educação;, destacou.

A expectativa do ministro é de que, até o fim de 2020, as vagas estejam ocupadas. Mandetta acredita que os critérios do programa ; vínculo celetista, salário atrativo, estabilidade, classificação de desempenho, e dois anos de especialização ; serão suficientes para atrair os 18 mil profissionais previstos. ;Hoje, temos uma situação de expansão muito alta dessa profissão. As pessoas não conseguiam ir para o interior, muitas vezes, porque o vínculo era precário;.

Ataque

De acordo com Mandetta, o Mais Médicos e o Médicos Pelo Brasil funcionarão de forma paralela, até o término dos contratos do primeiro programa. O orçamento do novo programa em 2020 ficará próximo a R$ 3,4 bilhões, valor previsto em 2019 para o Mais Médicos.

O presidente Jair Bolsonaro aproveitou a solenidade para atacar o PT e colocar em xeque a efetividade do atendimento dos médicos cubanos. ;Se eles fossem tão bons assim, teriam salvado a vida de Hugo Chávez. Se os cubanos fossem tão bons assim, Dilma e Lula teriam aqui, no Planalto, cubanos para atendê-los, e não brasileiros;, disse.

Ele afirmou também que o programa foi criado pelo PT como instrumento de um projeto de poder da ditadura cubana. ;Os cubanos aqui não podiam trazer seus familiares. E quem é pai e mãe sabe o que é ficar longe do seu filho ou da pessoa amada. Isso foi ignorado pelo PT. Por anos, uma questão humanitária, simplesmente, foi estuprada pelo PT.;

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