Há duas semanas, Bolsonaro colocou em dúvida a veracidade dos dados do Inpe sobre o desmatamento da Amazônia, chamado-os de ;mentirosos;. Depois se retratou, mas abriu uma crise com a comunidade científica, que rechaçou a declaração. Por conta disso, o presidente pediu aos ministros da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, e do Meio Ambiente, Ricardo Salles, uma ;averiguação dos dados;.
;Foi uma variação muito abrupta. Se você gasta R$ 200 de energia elétrica e, de repente, a conta passa para R$ 400, alguma coisa aconteceu, tem um gato. Existem dados lá que são alertas de desmatamento, que não são desmatamento;, explicou. Segundo o presidente, na Amazônia, há uma área de 80% de preservação, mas 20% podem ser usados. ;Por algum tempo, o fazendeiro não fez nada lá e agora decidiu desmatar. É alerta;, justificou.
O presidente disse que os dados atrapalham os negócios do Brasil. ;Estamos conversando com Estados Unidos, Coreia, consolidando Mercosul. Tem que ter certeza do que está falando. Não podemos ter pessoas, para ganhar holofote -- não estou dizendo que é o caso dele (Ricardo Galvão, diretor do Inpe e alvo das críticas), pode até ser que ele esteja certo... Temos que fazer o Brasil dar certo;, disse.
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Bolsonaro negou que sejam revisões. ;Alerta de desmatamento é uma coisa e desmatamento é outra;. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, explicou que clareiras podem aparecer, mas podem ser em áreas legais. ;Depois do alerta, tem outro dado que faz a verificação sobre o desmatamento ou não;, afirmou. Segundo Bolsonaro, a ;surpresa; de hoje será o ;dado real;.
Impeachment
Ainda na coletiva após o evento da Rumo, o presidente justificou o contingenciamento do orçamento da União, de R$ 1,4 bilhão, dos quais foram R$ 600 milhões do Ministério da Cidadania e R$ 300 milhões, da Educação, dizendo ser obrigado a fazer os cortes. ;Se eu não fizer isso eu vou para o impeachment. Não vamos pedalar, vamos cumprir a lei de responsabilidade fiscal e estamos com problema. Não quero culpar quem nos antecedeu, mas pegamos a União e estados quebrados. Temos que buscar maneiras de solucionar;, disse.
Trabalhos forçados
Indagado sobre o massacre de Altamira (PA), onde 58 presos morreram em um presídio, dois deles em deslocamento, Bolsonaro disse que vai ajudar com o fundo penitenciário. ;Problemas acontecem. Sonho com presídio agrícola. Queria que tivesse trabalho forçado para este tipo de gente. Sei que a Constituição tem cláusula pétrea, não dá para forçar a barra. Ninguém quer maltratar nenhum preso por aí, nem quer que eles sejam mortos, mas é o habitat deles;, ressaltou. O presidente repetiu o que afirmou na véspera: ;Fico com pena das famílias das vítimas desses caras;.
Radioamadores
Bolsonaro anunciou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) vai deixar de cobrar uma taxa de R$ 200 dos radioamadores a partir de outubro ou novembro. ;Com todo respeito, não tem justificativa de existir essa taxa. São 100 mil radioamadores que vão ficar mais tranquilos;, afirmou.
Filho embaixador
Um pouco mais cedo, durante o discurso na cerimônia, Bolsonaro disse ter ficado feliz quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, citou seu nome para investimentos no Brasil. ;Ele elogiou a indicação do meu filho Eduardo para embaixador. É um cargo, desde que aprovado no Senado, que vai nos habilitar a uma aproximação com a maior economia do mundo. Estamos nos aproximando de países com economias pujantes;, afirmou.
Evo Morales
;Fiquei feliz com Evo Morales (presidente da Bolívia), porque entregou o Battisti para Itália, símbolo da esquerda. É da velha guarda da esquerda, mas está evoluindo, quer comprar um KC-390 (avião militar da Embraer) nosso e está preocupado em resolver a questão da fronteira com a Rondônia. Nós temos gás deles (da Bolívia);, assinalou.
Missão cumprida
Ao finalizar seu discurso, o presidente afirmou que busca a união de todos. ;O Brasil tem tudo para dar certo. E ninguém teve ministros como eu tenho no momento, patriotas, capazes e que buscam a solução para o Brasil. Se não fosse assim, se outro tivesse vencido as eleições, estaria na Venezuela, conversando com o Maduro (presidente venezuelano). Dou graças a Deus de estar vivo. E agradeço a vocês que me deram essa missão. Ela será cumprida.;, completou.