Beatriz Roscoe*
postado em 26/07/2019 14:43
Os planos de saúde coletivos, que representam mais de 80% do mercado de saúde suplementar no país, tiveram reajuste até três vezes maior que o definido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para os individuais, de 7,35%. Os contratos empresariais ou por adesão anunciaram alta de até 20%. Essa modalidade possui mais de 38 milhões usuários no Brasil.
De acordo com o advogado especialista em planos de saúde Rodrigo Araújo, o problema da regulação é a falta de fiscalização e de transparência nos gastos das empresas. ;O cálculo dos custos é realizado a partir de um relatório da própria operadora. Mas quem garante que os dados são verdadeiros? Não é realizada auditoria ou prestação de contas por parte das operadoras;, explicou.
Segundo ele, há uma segunda questão problemática: ;A operadora repassa para o consumidor 100% dos custos que tem. É o único segmento de empresas no país que transfere os riscos da atividade empresarial para os clientes;, argumentou. Na visão de Araújo, o índice de reajuste dos planos de saúde é muito alto quando comparado com a inflação.
Fernando César Figueiredo, 53 anos, era usuário de um plano individual, mas precisou cancelar ,porque não estava conseguindo pagar. Depois, descobriu um problema renal e procurou novamente planos de saúde. ;Aderi a um plano coletivo, mas precisei cancelar também. Os planos são abusivos, e a gente fica à mercê da saúde pública que está muito ruim;.
Em nota, a ANS explicou que estabelece o índice máximo que deve ser aplicado aos planos individuais/familiares e monitora os percentuais anuais cobrados pelas operadoras em contratos coletivos.
*Estagiária sob supervisão de Rozane Oliveira