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Chuvas deixam doze mortos em Pernambuco

Entre terça e quarta-feira, precipitação na região metropolitana do Recife alcançou o equivalente a 21 dias da média histórica. Defesa Civil diz que temporais devem continuar e orienta pessoas a deixarem áreas de risco



Doze pessoas morreram soterradas e uma mulher grávida está desaparecida por conta das fortes chuvas que atingiram a Região Metropolitana do Recife nos últimos dias. Somente entre as 9h da terça-feira e as 9h de ontem, alguns municípios receberam 245mm de queda d;água, o equivalente a 21 dias da média histórica do período, segundo a Agência Pernambucana de Águas e Climas (Apac). A força das águas provocou deslizamentos de barreiras, quedas de árvores e postes de energia elétrica, além de diversos pontos de alagamento. Cinco crianças ficaram feridas e foram socorridas em hospitais públicos, e 1,2 mil pessoas estavam desabrigadas até a noite de ontem.

Diversos rios transbordaram, como o Beberibe e o Fragoso, em Olinda, e o Capiberibe Mirim, em Timbaúba, e nove barragens sangraram, deixando bairros inteiros debaixo d;água. A inundação das ruas colapsou o sistema de transporte público e muitos terminais de ônibus ficaram fechados até o fim da tarde. Um ponto crítico de alagamento no bairro da Guabiraba, Zona Norte do Recife, fechou a BR-101 Norte, e nem caminhões de grande porte conseguiam passar. Situação semelhante bloqueou o tráfego em vias importantes, como a PE-15 e a Avenida Caxangá.

Três municípios da região metropolitana, Olinda, Abreu e Lima e Igarassu, e um da Zona da Mata, Vicência, decretaram situação de emergência e instalaram gabinetes de crise, mobilizando diversas secretarias. As chuvas também afetaram o funcionamento de instituições de ensino. Em Olinda, Paulista, as aulas foram suspensas. A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) também dispensou alunos e professores.

A Defesa Civil de Pernambuco informou que a previsão é de que as chuvas continuem, e orientou as pessoas que residem em áreas de risco a deixarem os locais até que a situação se normalize.

Olinda foi uma das cidades mais atingidas, e bairros inteiros ficaram embaixo d;água. Quatro mortes foram registradas na cidade, que é patrimônio histórico da humanidade. No bairro de Águas Compridas, morreram Iraci Maria da Conceição, de 78 anos, e Abraão Batista da Silva, 25. Outras duas vítimas, nos bairros de Caixa D;Água e Alto Sol Nascente, não foram identificadas. O Corpo de Bombeiros, o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) e moradores conseguiram resgatar com vida duas crianças, de seis e cinco anos, e dois adultos.

No bairro de Caetés, em Abreu e Lima, dois irmãos morreram: Mariana Xavier, 19, e Luiz Henrique Xavier, 15. A mãe deles, Ariana, 39, foi socorrida e está na emergência do Hospital Miguel Arraes. Maria EduardaSilva, grávida de oito meses, e outras duas pessoas, Silvano Silva, 49, que era pai dos adolescentes, e Adalmir Ferreira dos Santos, 53, morreram soterrados.

;Desde às cinco horas da manhã, estamos aqui na barreira para encontrar meus parentes. Infelizmente perdi um irmão e os sobrinhos. Só minha cunhada escapou, mas está na sala vermelha do Hospital Miguel Arraes. Não sei quantas casas havia ali. Está tudo debaixo da lama;, disse Rosemeire Nascimento, cunhada de Ariana.

Na capital, foram registradas três mortes. O motorista Josafá Barbosa, 34, perdeu a vida quando uma árvore caiu e atingiu a casa em que ele morava, no bairro Dois Unidos. A esposa de Josafá teve ferimentos e foi socorrida. Outras casas no bairro continuam sob ameaça de desabamento. As outras mortes registradas foram do casal de idosos Natalício Vicente da Silva, 69, e Ivonete Maria da Silva, 63, no bairro de Passarinho.