Mateus Parreiras/Estado de Minas
postado em 12/07/2019 14:43
A onda destruidora que se desprendeu da Barragem de Quati, em Pedro Alexandre (BA) foi mais poderosa que a da Barragem 1, de Córrego do Feijão, em Brumadinho? As duas estruturas eram muito diferentes sob vários aspectos. A primeira sequer consta na listagem de barragens da Agência Nacional de Águas (ANA). Portanto, o volume de seu conteúdo fica em 17 hectares alagados de água e a segunda, de Brumadinho, continha 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro.
Na Bahia, a onda teve registros até agora de 6 metros de altura de inundação e uma velocidade de 20 km/h registrada 10 quilômetros depois de o rompimento, quando a massa de água passou sobre a BR-235, encaixada no leito do Rio dos Peixes. A rodovia foi interditada preventivamente pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e após a passagem da água voltou a ser aberta.
Por meio das imagens do rompimento de Brumadinho é possível averiguar que a velocidade da lama e dos rejeitos era de 114km/h. Isso, porque se constata que a avalanche atinge uma pequena lagoa em apenas 13 segundos, percorrendo 413 metros dentro do pátio da empresa.
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O tsunami de rejeitos desacelera enquanto se desloca, mas, se a mesma velocidade fosse mantida, o distrito de Córrego do Feijão, que fica a 1,85 quilômetro, teria sido atingido em apenas 58 segundos.
A Pousada Nova Estância, que fica a 2,5 quilômetros, soterrada depois de 1 minuto e 20 segundos. Em todos esses pontos, a velocidade de reação das pessoas que estavam na região teria de ser muito alta para que alguém conseguisse se salvar.
De qualquer forma, Brumadinho foi mais mortal, deixando 248 mortos e 22 desaparecidos. Na Bahia, pelo menos 100 família estão desabrigadas em Pedro Alexandre e na cidade de Coronel João Sá, a 40 quilômetros de distância.