O presidente Jair Bolsonaro deu posse ontem ao delegado da Polícia Federal Alexandre Ramagem Rodrigues como diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que assume o cargo no lugar do servidor de carreira Janér Tesch Hosken Alvarenga.
Ramagem foi um dos responsáveis pela escolta de Bolsonaro durante a campanha presidencial de 2018. Até o mês passado, ele era assessor especial do ex-ministro da Secretaria de Governo general Carlos Alberto dos Santos Cruz, demitido em junho por Bolsonaro.
Em seu discurso de posse, Ramagem defendeu a modernização tecnológica da Abin, o combate ao crime organizado e desenvolvimento da capacidade da inteligência cibernética. ;Neste momento de tecnologia e informação, a inteligência tem que se aperfeiçoar para entregar informação com agilidade;, disse. Uma das razões de bastidores apontadas pela substituição no comando da Abin é que o Palácio vinha recebendo informação primeiro pelas redes sociais e depois pela Abin.
Em seu discurso de despedida, Alvarenga, que foi nomeado pelo ex-presidente Michel Temer, disse que comandar a Abin foi uma experiência hercúlea; e agradeceu a Bolsonaro pela confiança por ter permanecido seis meses no cargo. ;Agradeço à luz divina o ensinamento de transformar conhecimento em sabedoria e a escolher, mesmo em cenários confusos, a melhor opção;, disse e aconselhou Ramagem.
A Abin está subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional, comandada pelo general Augusto Heleno, que também fez um discurso ressaltando a necessidade da Abin ser ágil. Segundo o general Augusto Heleno, a escolha de um delegado da Polícia Federal para comandar a Abin foi estratégica, para que as agências trabalhem integradas.
Ramagem é o segundo delegado da PF a comandar a Agência. Ao assumir, em 2003,o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou o delegado Paulo Lacerda , que foi exonerado em 2007 por suspeita de envolvimento de agentes da Abin em escutas telefônicas irregulares durante a Operação Satiagraha, da PF.
Nem a Abin Sabia
O presidente Jair Bolsonaro também falou sobre a necessidade de a agência trabalhar com agilidade e saber usar as informações que coleta. ;Quer queiram, quer não, dei azar ou não, eu sou o presidente da República. Jamais esperava estar aqui. Eu acho que, com todo respeito à Abin, até quatro meses antes das eleições, o pessoal não havia botado no radar ainda essa possibilidade, que foi uma coisa completamente anormal. Partido quase inexistente, sem fundo partidário, pancada pra tudo quanto é lado, facada no meio do caminho e aconteceu o milagre de Deus, no meu entender;, afirmou.
Bolsonaro contou que quando serviu como capitão do Exército na cidade de Nioaque, Mato Grosso, entre 1979 e 1981, não foi inteligente ao deixar que soubessem que havia feito um curso de eletricidade por correspondência. ;O motor só quebrava na sexta-feira, então eu passava sábado e domingo arrumando os geradores. Se eu tivesse inteligência, não tinha colocado que tinha o curso. Outra missão complexa que tive na fronteira, foi ser oficial de informações. Foi o pouco que eu tive sobre o que é isso daí;, disse ao explicar sua experiência com o relato de informações apuradas.
;Eu fazia meu Relatório Periódico de Informações e alguns diziam para eu tratar a informação, para não deixá-la da forma bruta, para não chocar o comandante. Outros diziam para deixar como estava. Eu sempre fiz o contrário. O que o presidente precisa, o que nós chefes de família precisamos, é saber o que está acontecendo. Depois que acontece alguma coisa é tarde pra gente tomar uma posição. A gente precisa da informação para não ser surpreendido;, afirmou. E deu um recado ao novo diretor da Abin. Você tem que se atualizar diariamente. Toda hora, todo minuto, todo segundo, porque, em grande parte, o destino da nossa nação, as decisões que eu venha a tomar partirá (sic) pela mão dele (Ramagem) e de todos que estão aqui.;