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Brasil

Enem terá prova digital em 2020

No ano que vem, modelo será oferecido de forma opcional para 50 mil alunos em 15 capitais. Em caso de problema, haverá uma reaplicação em papel. Objetivo é que exame seja integralmente feito no computador até 2026



O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) será aplicado por meio digital a partir de 2020. O anúncio foi feito ontem pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, e pelo presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes. No ano que vem, segundo o ministério, a prova será oferecida de forma opcional a 50 mil alunos de 15 capitais brasileiras. O valor da inscrição será o mesmo para todos os candidatos.

O objetivo é que, até 2026, as provas sejam feitas integralmente por meio digital. No entanto, alunos e especialistas consideram que, se, por um lado, a iniciativa parece transformadora, por outro, aparenta não levar em consideração as desigualdades regionais e de inclusão digital, além de possíveis problemas de logística e de falta de banco de itens de questões.

O estudante Gabriel Santos, 23 anos, está no segundo ano do cursinho e almeja passar em medicina. Ele fará o exame este ano. Santos não acredita que as medidas anunciadas sejam positivas: ;A maioria das provas é aplicada em colégios públicos, e é só ir a algum colégio para ter noção do estado das máquinas. Acredito que muitos computadores darão problemas e muitos candidatos poderão ser prejudicados;.

Luisa Lambach, 20, também participará da prova em 2019 para tentar uma vaga em medicina. Ela considera que, para o ano que vem, a prova digital não é uma boa opção. ;Os computadores existentes não são tão bons, e pode ser que haja problema. Além disso, o fato de ser digital atrapalha a prova em si. A redação, por exemplo, eu acho importante escrever à mão, fazer rascunho, poder rasurar, pensar, faz parte do processo;, alega.

Sobre o assunto, Weintraub ressaltou que é necessário um olhar otimista para o futuro e que a implementação será feita progressivamente. ;A gente está com um olhar no futuro dentro da realidade atual. A gente vai ter sucesso nisso;, destacou. Lopes, informou que o MEC não investirá na compra de novos computadores para a aplicação do exame e que ;foi levada em consideração a nossa capacidade de expandir o banco de itens;.

;Vamos utilizar a base já instalada não só nas unidades de ensino. No mundo digital, muda. Pode utilizar outras instituições que tenham disponibilizadas salas com infraestrutura de informática para aplicação de prova. É isso que vamos identificar ao longo do tempo;, disse.

Agendamento


Segundo a pasta, a aplicação do Enem neste ano será normal. No caso do Enem digital, será aplicado em 11 e 18 de outubro de 2020. O presidente do Inep afirmou que o objetivo é fazer várias aplicações do exame ao longo do ano, ;por agendamento, como se fosse para tirar o passaporte;. ;O aluno vai escolher a cidade, o dia e vai marcar a prova;, afirmou. ;Aquele aluno que optar pelo Enem digital não será prejudicado, porque se tiver algum problema de logística, de computador, por exemplo, ele será redirecionado para uma reaplicação;, explicou.

Em 2020, portanto, o Enem terá três aplicações: a digital, a regular e a reaplicação. Este último caso é voltado para candidatos prejudicados por algum problema logístico ou de infraestrutura durante a realização da prova digital. Eles terão direito a fazer a prova em papel. O MEC contratará um consórcio para organizar as novas edições do exame e descarta riscos de invasão de hackers ou fraudes.

As capitais que receberão a prova em formato digital em 2020 são: Belém, Belo Horizonte, Brasília, Campo Grande, Cuiabá, Curitiba, Florianópolis, Goiânia, João Pessoa, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

Economia


O MEC aponta, ainda, a economia que será gerada sem a impressão de papel. ;Somente em 2019, mais de 10,2 milhões de provas serão impressas para o Enem. Os custos da aplicação superam R$ 500 milhões para os mais de 5 milhões de participantes confirmados na edição;, afirmou o órgão. Em 2026, a versão em papel para de ser distribuída e o exame só será em formato digital.

Para a diretora do Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF), Rosilene Corrêa, a tecnologia deve ser entendida como um avanço, mas quando se depara com a realidade do país, de congelamento de investimentos na educação, a meta de tornar 100% digitais as provas do Enem até 2026, parece estar longe de se tornar concreta. ;É uma contradição o ministro anunciar isso. Tem escolas que sequer têm laboratórios. O caminho é esse, mas é preciso que o governo decida se haverá investimento. Tecnologia impõe investimento. Também pode gerar discriminação, pois onde tem estrutura será contemplado. E no interior do país, os alunos ficarão à margem? Mesmo em Brasília, do ponto de recursos tecnológicos, estamos distantes de algo razoável. Não se pode falar de mudança com perspectiva de retrocesso;, apontou.

* Estagiária sob supervisão de Rozane Oliveira


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    Ao contrário do que havia determinado o presidente Jair Bolsonaro sobre as provas do Enem, as questões não foram lidas antecipadamente. Segundo o ministro da Educação, Abraham Weintraub, ;eu não li a prova, o presidente não leu, e o Camilo não leu;, disse. Em seguida, deixou claro que o objetivo é acabar com o viés ideológico das questões nas provas. ;Sobre os funcionários que trabalham conosco, quem não performar conforme o esperado, a gente vai desligar;, afirmou.