O anúncio da obra de restauração de um imóvel que será o Museu do Sexo das Putas desagradou a deputados e vereadores, que cobraram nesta terça-feira (2) explicações da Prefeitura de Belo Horizonte sobre gastos com o museu. Presidente da Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aprosmig), Cida Vieira lamentou a ;desinformação e preconceito; dos parlamentares e afirmou que não existem recursos públicos previstos na construção do museu.
Integrantes da Comissão de Segurança Pública da Assembleia, deputados Sargento Rodrigues (PTB) e Gustavo Santana (PR), e o vereador Jair di Gregório (PP) estiveram na Guaicurus nesta tarde, pedindo informações sobre a obra.
;Queremos saber se há dinheiro público, se há trabalho público, se há alguma intervenção pública. Não vamos permitir que algum dinheiro seja empregado nesta obra. Entendemos que o dinheiro público deve ser utilizado na merenda escolar, na saúde, na área social e não na construção de museu do sexo das putas;, criticou Sargento Rodrigues.
Os parlamentares aprovaram requerimento na comissão pedindo informações ao prefeito Alexandre Kalil (PSD) e à Câmara Municipal de BH e denunciaram ao Ministério Público suposta irregularidade na construção do museu.
No plenário da Assembleia, o deputado Coronel Sandro (PSL) também atacou a criação do espaço destinado a contar a história da região e das casas de prostituição.
"Preconceito e desinformação"
O Museu do Sexo das Putas é uma iniciativa que começou a ser desenvolvida em 2016 pela Aprosmig com objetivo de desmistificar a prostituição e contar a história da região do baixo centro de Belo Horizonte.
Após a visita dos deputados, a presidente da associação, Cida Vieira, criticou os ataques feitos pelos deputados e avaliou que eles ;estão tentando usar a polêmica como trampolim político para angariar votos;.
;Alguém foi ver a arquitetura do nosso planejamento? Ou o preconceito fala mais alto dos eleitos do povo? Lamento que o vereador (Jair di Gregório) não deve conhecer muto sobre políticas públicas e o Sargento Rodrigues também, por tentam denigrir nossa imagem institucional. Só quero que ele me apresente as notas fiscais do recurso público;, rebateu Cida.
Ela informou que no local também está previsto a construção de uma biblioteca pública que ficará aberta 24 horas e atenderá ao público vulnerável.
De acordo com a prefeitura de BH, a placa da diretoria de patrimônio instalada no imóvel ;indica apenas que o projeto de reforma de um bem tombado passou pela aprovação do conselho municipal de patrimônio, não indicando qualquer gasto de dinheiro público com as obras da reforma;.
O vereador Gabriel Azevedo (Sem partido) lamentou em suas redes sociais os ataques ao Museu do Sexo das Putas que começaram a circular em grupos de Whats App.
;O imóvel privado, tombado, abandonado, quase caindo aos pedaços, precisa da autorização da prefeitura para qualquer intervenção. É lei. Acho que muita gente talvez tenha passado por ali muitas vezes sem ligar por ver um bem histórico tão degradado. Agora ele deixará de ruir;, afirmou o parlamentar, que defende a construção do museu para contar sobre o passado de uma região importante para a história da capital mineira.