Rafaela Gonçalves*
postado em 29/06/2019 12:11
Portugal bateu recorde de residentes estrangeiros em 2018. Segundo o relatório de Imigração, Fronteiras e Asilo, divulgado pelo Serviço de Estrangeiros e de Fronteiras (SEF), foi registrado, pelo terceiro ano consecutivo, aumento de 13,9% ante 2017, totalizando 480.300 cidadãos estrangeiros com autorização de residência. Os dados referentes a 2018 têm o maior índice registrado desde 1976, quando surgiu o relatório.Na lista das 10 principais nacionalidades residentes em terras lusitanas, o Brasil mantém a liderança, com 23,4% do total de imigrantes, 105.423 cidadãos. No rol de estrangeiros com comunidades expressivas estão: Cabo Verde (34.663), Romênia (30.908), Ucrânia (29.218), Reino Unido (26.445), China (25.357), França (19.771), Itália (18.862), Angola (18.382) e Guiné-Bissau (16.186). As principais motivações para novas autorizações estão o reagrupamento familiar, a atividade profissional e o estudo.
O brasileiro Ramon Santana, 22 anos, mora em Lisboa há um ano e meio. Foi para o país em busca de realizar o sonho de ser designer de carros e não pensa em voltar tão cedo para Brasília. ;Como Portugal tem a oportunidade do Enem (Exame do Ensino Médio) como uma porta de entrada em muitas universidades, facilita muito. A questão do país estar no continente europeu, próximo das principais indústrias automotivas da atualidade também me dá mais oportunidade de conhecer esses lugares de estudo e de um possível emprego no futuro;, justificou.
A professora do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) Carolina Claro defende que a imigração brasileira para o país europeu sempre foi constante, principalmente por motivos econômicos de inserção no mercado de trabalho e por estudantes. ;Quando a gente fala de imigração, a aproximação histórica e a língua são fatores automáticos de atração. Além disso, temos um tratado do Estatuto da Igualdade com benefícios mais amplos aos brasileiros do que aos demais;, lembrou.
Outros povos
Apesar da relevância de países, como Brasil, Itália, França e Grã-Bretanha, no movimento migratório de Portugal, os dados mostram uma tendência de aumento dos pedidos de residência de cidadãos de países africanos de língua portuguesa, de 4,3%. Também foi registrado um número expressivo nos pedidos de nacionalidade. Esse crescimento acentuado, segundo a pesquisa, está associado à aprovação a Lei da Nacionalidade, em outubro de 2018, que permitiu o alargamento do acesso à nacionalidade originária e à naturalização das pessoas nascidas em território português.
Em relação ao crescente movimento dos africanos rumo ao país europeu, Carolina Claro considera que, além da língua, a proximidade geográfica estimula os pedidos. ;Quando a gente olha esses movimentos por questões relacionadas também ao refúgio, é bastante importante considerar que a motivação desses imigrantes passa pela tentativa de integração e inserção mais fácil.;, disse.
* Estagiária sob supervisão de Rozane Oliveira