Após cerca de 100 mortes de animais por envenenamento em Ouro Fino, no Sul de Minas, será realizada, na próxima semana, uma audiência pública para debater o caso e procurar soluções junto à população e órgãos fiscalizadores. A audiência foi convocada pela Comissão de Defesa dos animais, criada recentemente na Câmara Municipal.
O número de mortes no município tem assustado moradores e protetores dos animais. A Associação Amigos dos Animais de Ouro Fino ; conhecida como Alquimia ; já registrou boletim de ocorrência dos casos. ;Sempre acontece, mas nos últimos três meses está demais. Só ontem eu registrei boletim de ocorrência de 20 gatos e uma cachorra;, conta a secretária da ONG, Sandra Luz Almeida. Segundo ela, os casos são muitos, mas não é possível contabilizar com certeza, pois as pessoas não acreditam que é crime e não registram. ;As pessoas não fazem denúncia. Em nossas páginas nas redes sociais, todo dia tem novos casos;, afirma.
Os moradores acreditam que os animais estão comendo chumbinho, produto com comercialização proibida em todo o país. ;Na quarta-feira, envenenaram um gato, tinha um pedaço de linguiça com chumbinho dentro;, afirma Sandra.
Após ingerir o veneno, muitas vezes disfarçado com pedaço de carne, os animais entram em convulsão e nem sempre os donos conseguem salvar, porque, segundo a população, os criminosos agem durante a noite.
Audiência pública
A audiência, marcada para 2 de julho, a partir das 19h, será na sede do Legislativo e aberta ao público. ;Coloquei o requerimento na Câmara e teve aprovação unânime. Agora temos que discutir qual medida tomar;, disse o presidente da Comissão Permanente de Proteção e Defesa dos Direitos Animais, Vanderlei Candido de Almeida (PR).
Segundo o vereador, autoridades como a Polícia Ambiental, o Instituto Mineiro da Agropecuária e fiscais da prefeitura devem participar do debate na próxima terça-feira. ;Vamos tentar unir forças. Ouvindo todos vamos pensar em quais medidas devemos tomar;, disse Vanderlei.
Para a Alquimia, a primeira alternativa é tomar medidas educativas para que a população entenda a gravidade do que tem acontecido na cidade. Posteriormente, outras medidas devem ser providenciadas, como a reserva de um local para recolher os animais das ruas, a construção de hospital veterinário e a castração dos pets. ;A ONG tem que andar junto com a comissão, junto com a prefeitura. Precisamos de apoio deles;, exclama a secretária Sandra Luz.
Fiscalização
A população denuncia que o chumbinho tem sido vendido no comércio agropecuário da cidade, como em 2015, quando a polícia prendeu o dono de um desses estabelecimentos. Na época, ele pagou fiança e foi solto.
A orientação, segundo a polícia, é que os casos sejam registrados via boletim de ocorrência. A pena para maus-tratos de animais é de detenção de seis meses a um ano. ;A pessoa que faz isso não é ser humano. E o pior que a gente não sabe se é um extermínio ou se são vizinhos que estão incomodados;, reclama Sandra.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.