;Como sou ambientalista, acho que devemos aprofundar um pouco a questão da segurança hídrica. Grande parte da água é garantida por unidades de preservação. Não poderia deixar de aproveitar este seminário para dizer que essas unidades estão sob ameaça. E isso pode comprometer a segurança hídrica;, afirmou.
Segundo ele, o atual governo não tem a preocupação devida com as unidades de conservação. ;O presidente (Jair Bolsonaro) quer acabar com estações ecológicas e cuidar mal da Amazônia;, criticou. Sarney Filho lembrou que a Amazônia interfere no regime de chuvas, além de ser uma ;incomensurável fonte curas, pela sua biodiversidade;.
O secretário chamou a atenção para a necessidade de se cuidar das bacias para diminuir a escassez de água no futuro. ;A água não nasce no reservatório. Tem muita gente que acha que nasce no reservatório e vai direto para as torneiras;, brincou. ;Mas não. A água nasce nas nascentes, depois corre para pequenos riachos, daí para rios, depois grandes rios e, só então, se faz um reservatório;, disse.
Socorro
Portanto, ressaltou o secretário, para se falar em segurança hídrica, em plena mudança climática, a primeira preocupação é cuidar da geração da água, ;Precisamos proteger as nascentes, cuidar das bacias, preservar matas ciliares. Todas as grandes nações do mundo e cidades começaram à beira de rios, mas agora os rios precisam de socorro;, alertou.
Segundo Sarney Filho, um exemplo é o Rio Araguaia. ;O atual governador de Goiás (Ronaldo Caiado), ligado ao agronegócio, agora está vendo o que ocorreu com o rio, porque ninguém se preocupou. Estou citando um exemplo, porque isso ocorre com em vários locais;, ressaltou.
Cuidar das nascentes e da infraestrutura é fundamental para garantir a segurança hídrica, reiterou o secretário. ;Quando eu assumi a secretaria, me debrucei sobre essas questões. Estamos cuidando dos rios. Temos que usar a dinâmica das florestas;, acrescentou. ;Também estamos fazendo um programa de reuso;, concluiu.
José Sarney Filho é o mediador do painel Segurança Hídrica: Perspectivas, que conta com a participação de Francisco José Coelho Teixeira, secretário de Recursos Hídricos do Ceará, Marília Carvalho de Melo, diretora geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam/MG) e Oscar Cordeiro Netto, diretor da Agência Nacional de Águas (ANA).