Atualmente, o risco econômico da escassez de água é de R$ 228,4 bilhões no Brasil. O montante é bastante elevado, mas, se nada for feito, pode chegar a R$ 518,2 bilhões em 2035. O alerta foi feito pelo ministro de Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, durante o Seminário Segurança Hídrica, promovido pelo Correio com apoio da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa).
Canuto afirmou que o Ministério de Desenvolvimento Regional (MDR) precisa reforçar as campanhas de combate ao desperdício, isso porque o consumo no Distrito Federal aumentou 10% desde o fim da crise que provocou racionamento na capital federal. O ministro ressaltou que saneamento hoje é um tema de extrema relevância e comemorou a resposta rápida do Senado federal, que apresentou um projeto de lei (PL) assim que a Medida Provisória 868/2019, que tratava do novo marco legal do setor, caducou na Câmara dos Deputados.
;Colocar a ANA (Agência Nacional de Águas) como agência definidora das políticas foi uma boa ideia, assim como criar uma regra de transição para as empresas estaduais. O marco vai permitir investimento privado, o que, esperamos, vai levar a universalização do sistema;, disse. No entanto, Canuto destacou que o MDR pretende apresentar outro PL para complementar o que tramita no Senado.
;A água é um recurso natural limitado dotado de valor econômico e na sua escassez tem prioridade uso humano e animal. A lei prevê gestão descentralizada e participativa;, lembrou. Segundo o ministro, 12% da água doce do planeta está no Brasil, que se configura numa riqueza mundial. ;Infelizmente a água não está onde temos mais gente;, destacou.
No país, 67% da água é destinada à irrigação, 9% para consumo humano, 9,5% para indústria e 11% para consumo animal. ;Hoje, o risco econômico de uma falta de água é de R$ 228,4 bilhões, mas, se nada for feito, chegará a R$ 518,1 bilhões em 2035;, alertou. O ministro assinalou, ainda, que o Brasil produz uma alta carga de lançamento de esgotos domésticos e industriais. ;Deveríamos cuidar melhor dos esgotos e do manejo dos resíduos sólidos;, disse.
Plano nacional
Por conta dos prognósticos assustadores, se nada for feito, o ministro ressaltou a importância das ações do Plano Nacional de Segurança Hídrica e das implementações do MDR para enfrentar a escassez, sobretudo, no Nordeste. ;Acredito nos comitês de bacias hidrográficas. O Brasil não é um só, é feito de muitas regiões com necessidades diferentes, que têm que ser tratadas da mesma forma;, explicou.
Conforme o ministro, atualmente 60,9 milhões de brasileiros têm problemas com restrição de água. Em 2035, 73,7 milhões terão oferta reduzida. ;Para evitar perda de mais de R$ 500 bilhões em 2035 nas atividades agropecuárias e industriais, com falta d;água, o MDR está fazendo
166 intervenções;, disse.
Do total, nove ainda precisam de análise, 62 necessitam de ajustes, mas 95 estão no ponto. ;Desses, 50 estão em execução, 22 com projeto básico, oito em projeto executivo e 15 em anteprojeto;, enumerou. O valor total é de R$ 26,9 bilhões nas obras, sendo R$ 15,7 bilhões no Nordeste. ;Essas infraestruturas vão mudar radicalmente a segurança hídrica do país;, acrescentou.