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Polícia Federal vai investigar massacre em presídios de Manaus

Medida anunciada pelo Ministério da Justiça vai averiguar ação de facções criminosas em chacina que deixou 55 detentos mortos. Força-Tarefa de Interveção Penitenciária começa a atuar nos presídios em que os assassinatos foram cometidos

Ingrid Soares
postado em 30/05/2019 06:00
Familiares de presos assassinados na capital amazonense protestaram contra a demora na liberação dos corpos

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, determinou que a Polícia Federal investigue os massacres que deixaram um saldo de 55 presos mortos em presídios de Manaus, entre domingo e segunda-feira. A medida foi tomada no mesmo dia em que a Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária enviada pelo governo federal ao Amazonas começou a atuar no interior das quatro unidades onde ocorreram os assassinatos: Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), Unidade Prisional do Puraquequara (UPP) e Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM 1). O objetivo é restabelecer a normalidade nas prisões.

Nota divulgada pelo ministério informa que o inquérito da PF ocorrerá sem prejuízo das investigações da polícia amazonense. Nesta quarta-feira (29/5), a TV Globo informou que, quatro dias antes da chacina, um relatório da Secretaria de Administração Penitenciária do Amazonas apontava para o risco de mortes dentro de presídios, mencionando que 20 presos estariam marcados para morrer.

Segundo a nota do Ministério da Justiça, os crimes representam grave violação dos direitos humanos e, além disso, a União tem interesse na repressão de organizações criminosas que atuem em mais de um estado da Federação. De acordo com a polícia do Amazonas, há indícios de que a facção Família do Norte (FDN) tenha ordenado os assassinatos. Os agentes investigam se a motivação dos assassinatos estaria atrelada a uma disputa entre integrantes da FDN pelo comando da organização, ou a uma briga com o Comando Vermelho, do Rio de Janeiro, pelo controle de pontos de venda de drogas.

A Justiça informou que, a pedido do governo do Amazonas, um total de 26 presos deve ser transferido para penitenciárias federais. Na terça-feira, nove integrantes da FDN foram encaminhados para a Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Brasília. Seis deles deverão ser deslocados para outras unidades nos próximos dias, e apenas três ficarão na capital. Nesta quinta-feira, mais 17 membros devem ser transferidos de Manaus para unidaes do Sistema Penitenciário Federal.

A Força-Tarefa de Intervenção é composta de 100 profissionais especializados em ações de risco e retomada de controle de unidades penitenciárias. De acordo com o Ministério da Justiça, ela deverá permanecer por, pelo menos, 90 dias na capital do Amazonas. Em Manaus, familiares dos detentos assassinados protestaram contra a demora na liberação dos corpos. Até o fechamento desta edição, apenas 16 haviam sido liberados.

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