Jornal Correio Braziliense

Brasil

AGU quer polícia em universidades


Após uma série de críticas envolvendo ações policiais, determinadas pela Justiça Eleitoral, em universidades de nove estados antes do segundo turno das eleições do ano passado, a Advocacia-Geral da União (AGU) pode reavivar a polêmica. A entidade, que representa juridicamente o governo federal, solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que libere ações policiais dentro de universidades públicas e privadas. A finalidade, de acordo com a solicitação, é apurar crimes eleitorais que possivelmente estejam sendo praticados dentro dessas instituições.

O pedido da AGU ocorreu em uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), apresentada pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, no ano passado. Para Dodge, esse tipo de ação é flagrantemente ilegal, por violar a autonomia das instituições de ensino a abrir espaço para a prática de censura à livre manifestação de opiniões e de pensamento. Durante a eleição presidencial, a ministra Cármen Lúcia, relatora da ação, proibiu a entrada da polícia nas universidades e enviou o caso ao plenário. O colegiado do STF entendeu, por unanimidade, que as operações violaram o direito à liberdade de expressão e de livre manifestação de pensamento de estudantes e professores. Na ação apresentada agora, o governo alega que, com os atos policiais vedados, o sistema eleitoral pode ficar prejudicado. De acordo com a AGU, se esse entendimento prevalecer, ;por conseguinte, persistiria a violação a outros preceitos fundamentais da Carta da República, consistentes na regularidade, igualdade e legitimidade da disputa eleitoral;.

A entidade afirma que a universidade é local de debate, mas que não pode ;prevalecer; uma ;corrente de pensamento específica;, e que, ;eventualmente, essa parcialidade possa interferir no processo eleitoral de forma ilegal;.
Ao menos 18 universidades foram alvo de ações policiais em outubro passado. No Rio de Janeiro, uma faixa com a escrita ;Direito UFF antifascista; foi retirada de um dos prédios do câmpus. A Justiça Eleitoral do Rio alegou que a peça fazia propaganda eleitoral. Algo parecido ocorreu na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), onde uma faixa que protestava contra o assassinato da vereadora Marielle Franco foi alvo de uma ação da Polícia Militar. No entanto, como não havia mandado, o objeto foi mantido.