O Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec), da Universidade Cândido Mendes, vai coordenar o trabalho, que terá como parceiros a Iniciativa Negra, da Bahia; o Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará (UFC); o Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares de Pernambuco e o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP).
Coordenadora da rede, a pesquisadora Silvia Ramos, do Cesec, disse que a proposta com a produção de indicadores é ir além dos dados e entender os processos que os produzem.
"Vamos monitorar violência, segurança pública e criminalidade diariamente, e focalizando em temas novos, como crianças e adolescentes, população LGBT, violência contra a mulher, linchamentos, chacinas. Que fenômenos são esses? Por que estão acontecendo?", exemplifica ela. "Queremos analisar não só os números, mas também entender dinâmicas. E o observatório é uma forma de fazer isso apoiado em redes locais", explicou.
Indicadores
Os 16 indicadores que serão produzidos na rede vão avaliar a situação dos cinco estados em relação a feminicídio e violência contra mulher; racismo e injúria racial; violência contra a população LGBTQ%2b; intolerância religiosa; violência contra crianças e adolescentes; linchamentos; violência armada; ações e ataques de grupos criminais; manifestação, greve e protesto; violências, abusos e excessos por parte de agentes do Estado; policiamento; violência contra agentes do Estado; corrupção policial; chacinas; sistema penitenciário e sistema socioeducativo.
Para ir além dos dados oficiais disponibilizados, os pesquisadores pretendem recorrer a organizações da sociedade civil e à imprensa, além da Lei de Acesso à Informação.
Coordenador do Laboratório de Estudos da Violência (LAV/UFC), César Barreira disse que pesquisadores da área de segurança pública sofrem com a falta de disponibilidade de dados. Segundo ele, boletins de ocorrência são documentos que poderiam fornecer uma série de informações importantes para pesquisas.
"Essa rede vai fortalecer [ações na érea de segurança] no sentido de termos mais dados para as análises de políticas públicas, e também para a gente poder ter uma metodologia mais comum no Brasil", acrescentou.
A formação da rede contou com o apoio das fundações Ford e Open Society, além de organizações da sociedade civil e militantes de periferias.
Coordenador da Iniciativa Negra, Dudu Ribeiro acredita que a contribuição de parcelas vulnerabilizadas da sociedade vai possibilitar uma abordagem mais completa sobre os temas. "Não é só fazer o recolhimento e tratamento dos dados, mas conseguir trazer outras contribuições, possibilidades e visões, que muitas vezes faltam à academia. Não apenas porque faltava à academia essa percepção, mas porque faltava a gente na academia".