A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) abriu processo administrativo para apurar possíveis irregularidades ligadas ao avião que transportava o cantor Gabriel Diniz, de 28 anos, morto ontem em um acidente na cidade de Estância, litoral sul de Sergipe. O objetivo é verificar por que o Aeroclube de Alagoas, dono do aparelho, realizava táxi-aéreo, já que a aeronave só tinha permissão para voos de treinamento.
Segundo a Anac, após a conclusão da investigação, ou mesmo durante o andamento do processo administrativo, os responsáveis poderão ser multados e ter licenças e certificados cassados. Além da aplicação de sanções administrativas, a agência pode encaminhar denúncia ao Ministério Público e à polícia para que sejam tomadas medidas no âmbito criminal. Além disso, a Anac suspendeu outras nove aeronaves da empresa e as operações no aeroclube.
Por meio de nota, a agência informou que o avião estava registrado sob a matrícula PT-KLO e foi fabricado pela Piper Aircraft, companhia de aviação dos Estados Unidos. Estava com o Certificado de Aeronavegabilidade (CA) válido até fevereiro de 2023 e a Inspeção Anual de Manutenção (IAM) em dia até março de 2020.
O corpo de Gabriel Diniz será sepultado hoje em João Pessoa, na Paraíba, onde ele morava. A liberação do corpo foi feita ontem à noite, em Aracaju, pelo Instituto Médico Legal (IML). O diretor do IML, José Aparecido Cardoso, informou que Diniz e os outros dois tripulantes do avião ; os pilotos Linaldo Xavier e Abraão Farias ; sofreram politraumatismo. Eles haviam saído de Salvador com destino a Maceió, onde o cantor pretendia comemorar o aniversário da namorada, Karoline Calheiros.
Comoção
A morte do cantor, que colocou o hit Jennifer entre os maiores sucessos do carnaval deste ano, provocou comoção no meio artístico. Ele tinha uma agenda repleta de shows e havia se apresentado em Feira de Santana (BA) no domingo. Coincidentemente, Gabriel foi o terceiro vocalista da banda Cavaleiros do Forró, da qual ele fez parte, a morrer de forma trágica.
Em 2005, o então cantor da banda, Inácio Alexandre, e o guitarrista Edivan Paulo da Silva, foram vítimas de um acidente de carro. Em 2017, Eliza Clívia morreu também em um acidente automobilístico. Além dos Cavaleiros do Forró, Gabriel Diniz também cantou na banda Forró na Farra, antes de começar a carreira solo. Na época, o cantor cursava faculdade de engenharia elétrica e dividia seu tempo entre os estudos e a música.
Em suas redes sociais, O Cavaleiros lamentou a morte do cantor. ;A vida é realmente um sopro. Nossos sentimentos à família do cantor Gabriel Diniz e toda equipe que com ele trabalhava;, diz a publicação da banda.
Após o acidente que tirou a vida de Gabriel Diniz, uma imagem do resgate do seu corpo viralizou na internet, sobretudo em grupos de WhatsApp, o que revoltou fãs do cantor. O compartilhamento de imagens de pessoas mortas sem autorização é crime, de acordo com o Código Penal. A pena prevista é detenção de um a três anos, além de multa, segundo o Conselho Nacional de Justiça.
Pelo Twitter, admiradores do artista começaram a pedir que as fotos não fossem repassadas. ;Em respeito ao Gabriel Diniz, à família e aos fãs, em hipótese alguma compartilhem fotos dos corpos, isso é totalmente desumano e desrespeitoso;, publicou um perfil. ;É claro que já está rolando foto do corpo do Gabriel Diniz no WhatsApp. Porque o pessoal carniceiro não perde uma. Gente baixa, vil, sem respeito com a família;, comentou o jornalista Gabriel Vaquer.
;Uma semana linda;
Após se apresentar em Feira de Santana (BA), no domingo, o cantor Gabriel Diniz fez uma série de postagens em sua conta no Instagram. Nas postagens, pode-se ver o cantor brincando no camarim com amigos e algumas cenas do show, que acabaria sendo o último de sua carreira. Na primeira publicação do dia, GD desejou bom-dia aos fãs ouvindo Só dá você na minha vida, na voz de João Paulo e Daniel. Ele estava na estrada. ;Boa semana, meu povo. A minha está linda. Eu estou aqui, lindo. Cansado;, afirmou.