Por determinação do corregedor nacional de Justiça, ministro Humberto Martins, a Corregedoria Geral de Justiça do estado de Mato Grosso terá de prestar informações sobre o desfile de crianças e adolescentes que estão na fila de adoção, realizado em um shopping de Cuiabá, na terça-feira.
O desfile, alvo de críticas generalizadas, foi promovido pela Associação Mato-Grossense de Pesquisa e Apoio à Adoção (Ampara) em parceria com a Comissão de Infância e Juventude da Ordem dos Advogados do Brasil-Seccional MT. O evento teve autorização da juíza de direito da 1; Vara Especializada da Infância e Juventude, Gleide Bispo Santos. A intenção, segundo os promotores, era dar visibilidade a crianças e adolescentes de 4 a 17 anos que estão aptas para adoção.
A Associação Juízes para Democracia (AJD) repudiou o desfile, chamado ;Adoção na passarela;, e o comparou às ;feiras de escravos;. Em nota pública, a entidade dos magistrados sustenta que o episódio ;não só violou as garantias (das crianças e dos adolescentes), como expôs de forma duvidosa, para não dizer desumana, às graves situações de extrema vulnerabilidade emocional e social a que estão expostos;.
No entendimento dos juízes ;o evento se assemelha mais a uma ;feira de adoção, expondo crianças e adolescentes como objetos, como mercadorias de consumo e, ademais, utiliza as crianças e adolescentes como instrumento de propaganda para os ;parceiros;;.
AJD é uma entidade nacional composta por cerca de 300 juízes e juízas de diferentes segmentos do Judiciário, federais e estaduais. Também em nota, a OAB/MT e a Ampara rechaçam as acusações. ;Nunca foi o objetivo do evento, parte integrante de uma série de outros que compõem a ;Semana da Adoção;, apresentar as crianças e adolescentes a famílias para a concretização da adoção.;
Segundo OAB e Ampara ;a ideia da ação visa promover a convivência social e mostrar a diversidade da construção familiar por meio da adoção com a participação das famílias adotivas;.
Para os juízes, no entanto, ;há várias outras formas e campanhas para adoção que não expõem as crianças e adolescentes nem os revitimizam;. Os magistrados enfatizaram também que ;os fins não podem justificar os meios, ao ponto de, sob o fundamento de se buscar uma família para eles, expô-los a tamanha mercantilização, violando-lhes suas imagens e integridades psíquica e moral;.
;O evento se assemelha mais a uma ;feira de adoção;, expondo crianças e adolescentes como mercadorias de consumo (;). A iniciativa nos faz retroceder no tempo e nas conquistas e nos remete às feiras de escravos;
Trecho da nota de repúdio da AJD